ATA DA SEPTUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM
1º-9-2011.
Ao primeiro dia do mês de setembro do ano de dois
mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi
realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, Airto
Ferronato, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Haroldo de Souza, João Antonio Dib,
Maria Celeste, Mario Fraga, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Sofia Cavedon, Tarciso
Flecha Negra e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, a senhora
Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os vereadores Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Elói Guimarães, Engenheiro
Comassetto, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Luciano
Marcantônio, Luiz Braz, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Paulinho Rubem Berta, Pedro
Ruas, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Waldir Canal. À MESA,
foi encaminhado, pelo vereador Mario Manfro, o Projeto de Lei do Legislativo nº
124/11 (Processo nº 2863/11). Do EXPEDIENTE, constaram Ofícios da Câmara dos
Deputados, emitidos no dia dezenove de agosto do corrente. Durante a Sessão, deixaram de
ser votadas as Atas da Sexagésima Quarta, Sexagésima Quinta, Sexagésima Sexta e
Sexagésima Sétima Sessões Ordinárias e da Décima Terceira, Décima Quarta,
Décima Quinta, Décima Sexta, Décima Sétima e Décima Oitava Sessões Solenes. A
seguir, a senhora Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor
Joel Lovatto, que, em nome da Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre, discorreu sobre políticas
públicas para a criança e o adolescente. Em continuidade, foi iniciado o período de
COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a
tratar de questões atinentes ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CMDCA. Compuseram a Mesa: a vereadora Sofia Cavedon, Presidenta da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o senhor Joel Lovatto, Coordenador do Fórum
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a senhora Cristina Rabelo,
gestora de projetos sociais da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS –; a
procuradora de justiça Maria Regina Fay de Azambuja, Coordenadora do Centro de
Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Sul; a senhora Josiane Cardoso da Silva, Presidenta do Conselho
Municipal de Assistência Social; a senhora Nelcinda Aguirre da Silva,
Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a
senhora Haidê Venzon, Presidenta do Movimento pelos Direitos da Criança e do
Adolescente; e a senhora Suzana Marins, representando o senhor Prefeito. Após,
a senhora Presidenta concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º,
incisos I e II, às senhoras Haidê Venzon, Alessandra Rocha Martins e Cristina
Rabelo, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Durante o pronunciamento da
senhora Haidê Venzon, foi realizada apresentação de audiovisual referente ao
tema abordado por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, §
4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Dr. Raul Torelly, Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, Pedro Ruas, Aldacir José Oliboni, Fernanda Melchionna, Elói Guimarães, DJ Cassiá e Luiz Braz. Às dezesseis horas e dez
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
dezesseis horas e quatorze minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os
vereadores João Antonio Dib e Elói Guimarães. A seguir, foi aprovado
Requerimento verbal formulado pelo vereador João Antonio Dib, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA ESPECIAL,
Discussão Preliminar, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº
031/11, discutido pelos vereadores Adeli Sell, Elói Guimarães, Engenheiro
Comassetto, Professor Garcia e Nelcir Tessaro. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
010/11, o Projeto de Lei do Executivo nº 032/11, este discutido pelo vereador
Elói Guimarães; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
100, 101, 120, 121 e 132/11. Durante a Sessão, foi registrada a presença, neste
Plenário, do vereador Rildo Pessoa, da Câmara Municipal de Belém – PA. Às
dezessete horas e vinte e cinco minutos, o senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pela vereadora Sofia Cavedon e pelos vereadores DJ Cássia e Toni
Proença e secretariados pelo vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente
Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário
e pela senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Havendo
quórum, passamos à
Registro a presença
do Ver. Rildo Pessoa, do PDT, de Belém do Pará.
Agradecemos a sua presença e o intercâmbio que se estabelece nesta Casa.
O Sr. Joel Lovatto,
Presidente da Associação de Apoio ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente, já conhecido do Fórum das Entidades e que tem dialogado permanentemente
com esta Casa sobre o tema da criança e do adolescente, está com a palavra pelo
tempo regimental de 10 minutos.
O SR. JOEL LOVATTO: Boa-tarde a todos. É
com satisfação que o Fórum da Criança e do Adolescente ocupa novamente esta
tribuna, como a Presidente Sofia acabou de comentar. Estivemos aqui há uns dois
ou três meses, quando uma instituição da Zona Sul assinou um convênio em
parceria com a Câmara. E, desse tempo até hoje, tivemos a satisfação de estar
também como motivador principal de outra Organização Não Governamental que
conseguiu conquistar um grande projeto de atendimento e acolhimento às famílias
que tanto necessitam. Quero saudar os Vereadores, as instituições, os
adolescentes e as crianças do MDCA.
Quero dizer que o
Fórum da Criança e do Adolescente casou a Tribuna Popular com a apresentação do
CMDCA, que virá logo depois; o Fórum da Criança e do Adolescente tem a função
tanto de alertar sobre algumas situações que envolvem Porto Alegre, crianças e
adolescentes quanto de ser motivador na busca de alternativas frente às
dificuldades que temos.
Em 1990, nós
aprovamos o Estatuto da Criança e do Adolescente, e foi colocado que eles são
seres de direitos e deveres, mas, principalmente, que tinham direito a ter
direitos. Dentre tantos, lá apareceu um básico: o direito ao vínculo, a ter uma
família, a ter um seio educacional, a ter uma base para sua vida. Srs.
Vereadores, hoje nós nos deparamos com um problema pontual no que diz respeito
à Assistência Social. Falta-nos, nesta Cidade, um planejamento estratégico que nos coloque na situação de avaliarmos o que temos, em que situação
estamos e aonde queremos chegar com nossas crianças e adolescentes. E é pelas
crianças e pelos adolescentes que nós entramos também no tema da família.
Muitas são as necessidades que temos, e em outros momentos já usamos a tribuna
para poder expressá-las, mas alguns problemas persistem. Nós fizemos atualmente
um afunilamento de programas na Cidade; de novo, estamos pontuando nesta Casa
e, de novo, estamos alertando.
Nós temos creches
pela Cidade que atendem hoje, mais ou menos, 15 mil, 16 mil crianças. Quando
chegamos ao Programa SASE, que pega logo a faixa que segue da creche e da
educação infantil, a gente vai para um atendimento de 6 a 7 mil crianças, de 6
a 14 anos. Quando chegamos aos adolescentes, considerando os projetos Trabalho
Educativo, ProJovem, Adolescente Aprendiz, a gente vai para 3 a 4 mil. Quando
falamos em jovem, o número diminui ainda mais, passando de 18 a 25 mil, para
dois mil jovens. Quando tocamos no assunto da família, aí temos problemas
gravíssimos.
A nossa Cidade ainda
não tem um projeto claro e - aqui o Fórum salienta - uma atividade mais direta
entre as Secretarias. As instituições recebem famílias a cada dia, as demandas
são variadas, as famílias precisam correr atrás das Secretarias, começando do
zero a cada discurso que se tem. Por exemplo, uma família com problema de
habitação - os senhores conhecem porque transitam pelas nossas comunidades -,
também com problema de saneamento, com problema, daqui a pouco, de violência
familiar e abuso de crianças: aí nós vamos a cada uma das Secretarias e
encontramos uma burocracia, que nos tira muito tempo e muitas vezes não é
eficaz às demandas que temos.
Estamos implantando o
Programa SUAS na Cidade. Se há assistentes sociais presentes, eles saberão do
que estou falando neste momento, e, Presidente, V. Exª também sabe o que estou
falando, nós já comentamos em outros momentos. A justificativa de haver o MDS
dando algumas diretrizes do SUAS na Cidade está fazendo com que, nos novos
convênios de atendimento às famílias que estão sendo assinados na sequência,
assistentes sociais que atendiam a 40 famílias passem a atender a 500 famílias.
Isso vai ser assinado logo, logo, dentro de um mês, nem isso. E nós, frente a
isso, faremos o quê? Faremos o que da Assistência Social? Analisamos que ela
está em que situação hoje? Seguindo algumas situações, houve o tempo em que à
Assistência Social bastava, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, ter boa vontade para fazer. Começava-se com boa vontade, e
eu não estou dizendo que temos que deixar a boa vontade de lado. Eu comentava,
há pouco, com os colegas do Fórum e da Assistência Social: “Hoje não basta só
boa vontade em nenhuma área de atuação”. Para vocês, Vereadores, estarem aqui,
não basta a boa vontade de ser um Vereador, vocês também correram atrás,
profissionalizaram-se, estudaram. A Assistência Social também depende disso.
Não basta mais ter boa vontade nas nossas comunidades, se não for casada com
profissionalização, com qualificação dos profissionais que estão diariamente
lidando, até porque as demandas são as mais infinitas, as mais imagináveis que
nós temos. Daqui a alguns dias esta Câmara estará aprovando o Orçamento para o
ano que vem. Queremos aqui solicitar - e estaremos presente também nessas
discussões, como Fórum, como instituições - que tenham um olhar e um carinho
especial com a Assistência Social da Cidade.
Algumas perguntas que ficam atualmente... Depois eu
já parto para os encaminhamentos, até porque hoje o momento especial é do
CMDCA, que vem trazer, frente aos problemas que eu estou citando, uma
alternativa que nós temos. Foram criativos lá na ponta e conseguiram, junto a
empresas, formatar uma ideia de projeto frente a tantos problemas que se tem.
Mas uma pergunta fica nesta Cidade: ainda é correto pensar a Assistência
Social, programas sociais, atendimento a crianças e à família via Orçamento
Participativo? Isso é uma incógnita muito grande, e nós temos que pensar e
projetar sobre isso, para os anos que vêm na sequência. Discutir e disputar um
programa social frente à necessidade de habitação, de escola, de ruas, de
saneamento que não existe... Geralmente a Assistência fica à parte. E, se der,
bom, aparece um voto a mais para a Assistência... Será que é o mais correto?
Então, Srs. Vereadores, o Fórum solicita, nesta
Tribuna Popular, que se inicie a produção de um planejamento estratégico para a
Assistência Social, porque esse planejamento não existe. E o Fórum é o primeiro
a se colocar à disposição com as instituições, para sentar e pensar o nosso
presente, o nosso médio e o nosso longo prazo. Se chegarmos ao ideal daqui a 20
anos, 30 anos, bom, mas vamos traçar metas na Assistência também. O Fórum
solicita, nesta Tribuna, um carinho especial em reavaliar a intersecretaria, a
comunicação que existe entre Secretários. Isso ainda é uma dificuldade nossa, e
nós acessamos todas as Secretarias a cada dia, pelas inúmeras necessidades que
temos. A burocracia ainda nos impede de atender rapidamente às necessidades.
Quando não se tem comida na mesa, não se pode esperar 15 dias ou um mês, o corpo humano não aguenta. Nós precisamos de deliberações rápidas.
Quando vem uma enchente ou um vendaval, como tivemos, nós precisamos acolher a
família que chega diretamente a nós no exato instante que acontece o problema;
temos de conseguir uma solução, rapidamente, em algumas horas, e não deixar que
a lona fique lá em cima, nos casebres, que já são o caos, por um mês, dois
meses, aguardando que chegue uma telha.
E nós também queremos,
como solicitação, que o Orçamento deste ano, projetado para o ano que vem e
para os anos seguintes, tenha, repito, um carinho especial para a Assistência
Social. Nós temos hoje, aqui em Porto Alegre – é um exemplo no Brasil, e todos
sabem – 526 organizações não governamentais no Fórum da Criança. Que cidade
pode ter tantas organizações organizadas e dispostas a pensar junto uma linha
de trabalho e algo efetivo?
Estamos à disposição;
saudamos, de novo, o Movimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, que
virá agora na sequência, na formação da Mesa, e é um exemplo para nós de que as
coisas podem dar certo. Temos boa vontade, estamos nos profissionalizando e
precisamos, obviamente, do apoio do Orçamento, precisamos desse auxílio. E,
neste caso, a Petrobras aparece como uma das parceiras, a instituição que irá
apresentar. O Fórum agradece, Presidente Sofia, nós voltaremos a esta Casa logo
na sequência, para outras solicitações. Também, quero só lembrar que o Fórum
está fazendo uma caminhada junto à Prefeitura, passando em várias Secretarias:
no DMAE, na Secretaria da Fazenda, em bancos, em outras situações, para falar
das famosas taxas que são cobradas mensalmente nas ONGs. Estamos tentando,
também, encontrar parceiros e as Secretarias. Se vocês, Vereadores, também têm
contato com eles, se puderem nos dar esse apoio, esse aporte, eu acho que vai
facilitar, é um apoio direto às necessidades que temos. Agradecemos a todos
como Fórum, estamos à disposição.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Convido o Joel
Lovatto, Coordenador do Fórum, para compor a Mesa conosco. Consultei algumas
Lideranças, não pude consultar todas, porque nem todos estavam aqui, mas há uma
vontade de que a manifestação dos Líderes seja a partir das inscrições, na
sequência do período temático de Comunicações, porque é o mesmo tema. A
sugestão do Fórum é esta, mas, se algum Líder quiser se manifestar, eu informo
aos Vereadores que já está aberta a inscrição aqui para até doze falas. O Joel Lovatto trouxe um aspecto muito importante da assistência
social na implantação do SUS em Porto Alegre, debate que, depois, segue no
Plenário Ana Terra, juntamente com os Conselhos.
Passamos ao período
temático de
Convido a fazer parte
da Mesa a Srª Cristina Rabelo, Gestora de Projetos Sociais da Petrobras,
importantíssima parceira desta Cidade, especialmente do tema de que vamos
tratar, seja muito bem-vinda à Câmara de Vereadores de Porto Alegre; a Drª
Maria Regina Fay de Azambuja, Procuradora da Justiça e Coordenadora do CAOIJ do
Ministério Público; a Srª Josiane Cardoso da Silva, Presidente do Conselho
Municipal de Assistência Social; a Srª Nelcinda Aguirre da Silva, Presidente do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a Srª Haidê Venzon,
Presidente do Movimento pelos Diretos da Criança e do Adolescente; a Srª Suzana
Marins, assessora institucional e representante da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Todos os Vereadores receberam esta pasta, que traz o trabalho do
Movimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, um dos projetos do MDCA, o
Projeto Gera Paz.
A Srª Haidê Venzon,
Presidente do Movimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, está com a
palavra.
A SRA. HAIDÊ VENZON: Boa-tarde a todos e
todas, nossa saudação especial à Mesa dos trabalhos, onde nós vemos
representantes dos Conselhos de Assistência e dos Direitos da Criança, do
Ministério Público, do Executivo; a Cristina Rabelo, Gestora de Projetos
Sociais da Petrobras, que patrocina o projeto que iremos apresentar hoje. A
nossa palavra também aos Vereadores que hoje aqui estão; muitas vezes, como
MCDCA ou Fórum, estivemos aqui, falamos de muitos direitos de crianças e
adolescentes, e hoje o nosso enfoque especial é o direito à convivência
familiar e comunitária. Queríamos também agradecer a presença das instituições
do Fórum que estão aqui, do Conselho Tutelar, dos apoiadores do MDCA e dizer
que, para nós, é um momento muito importante. Queríamos ainda, também entre os
apoiadores, referir a presença da SMED, que apoia projetos do CMDCA. Embora não
nominados, sintam-se todos acolhidos e recebam o nosso agradecimento pela
presença neste momento. Nós vamos iniciar dizendo de que lugar nós falamos.
Vamos apresentar um pequeno vídeo do bairro Partenon.
(Apresentação de filme.)
(Palmas.)
A SRA. HAIDÊ VENZON: A partir desta visão
de realidade é que foi construído o Projeto Gera Paz, gestando sonhos e gerando
mudanças. E, antes de apresentar o projeto, eu gostaria de lembrar que o MDCA
não sabe se sonha trabalhando, ou se trabalha sonhando. Este projeto que aqui
está é o resultado de todo o trabalho da casa, que sonhou chegar a ter um
projeto com patrocínio da Petrobras. Assim, dessa forma, chegamos aqui. O que
nós vamos colocar na apresentação sintética do projeto quer dizer isto: o que
nós queremos para as nossas comunidades, o que nós queremos para as nossas
crianças e adolescentes, o que nós queremos para as mulheres parceiras deste
projeto que também estão hoje aqui. Nós queremos gerar paz e, para isso,
precisamos sonhar com ela e produzir as transformações desejadas.
(Apresentação em datashow.)
A SRA. HAIDÊ VENZON: Nós temos, então, aí,
o objetivo geral do projeto. O que nós temos nesse objetivo? Nós queremos
contribuir para a redução da violência e nós queremos criar, propor, ampliar
uma cultura de paz e de solidariedade. O que temos a seguir? Nós temos
objetivos específicos para as crianças e os adolescentes: o desenvolvimento
pessoal e social e a progressão na aprendizagem. Temos objetivos para nossa
equipe: capacitar, formar a equipe na educação para a paz. E temos, também, o
grupo familiar, em que nós queremos trabalhar com o fortalecimento do papel
educativo e a ressignificação desses vínculos.
Na sequência, nós
gostaríamos de chamar a atenção a respeito do direito à convivência familiar e
comunitária. É um dos direitos que está no art. 227 da Constituição. Acho que
já avançamos muito com relação a outros direitos: educação, saúde, assistência.
Falo que avançamos, mas sempre fica aquela preocupação: ainda
precisamos muito mais. Também esse direito à convivência familiar e comunitária
precisa da atenção desta Casa para que possamos ter apoio nos programas que
pretendemos desenvolver. Dentro deste direito à convivência familiar e
comunitária, nós temos que enfrentar as situações de vulnerabilidade e
fragilidade social das famílias e o acesso a direitos humanos, em especial o
acesso ao direito de ter e manter vínculos.
Nós colocamos aqui, rapidamente, as principais
ações (Referindo-se à apresentação em datashow).
As ações com as crianças e os adolescentes são aquelas que muitas das entidades
aqui já desenvolvem; são as oficinas socioeducativas, o atendimento às
necessidades, às dificuldades das crianças e dos adolescentes. Mas nós
queríamos destacar uma ação específica, que só foi possível com o apoio deste
projeto da Petrobras. Nós trabalhamos com crianças e adolescentes que não moram
exatamente na Rua dos Burgueses, nem na Rua Vidal de Negreiros, onde temos as
nossas sedes. Para estar presentes às atividades da instituição, muitos
precisam atravessar a Av. Bento Gonçalves, e nem sempre as crianças tinham um
acompanhante. Este projeto, então, nos possibilitou a locação de um ônibus, que
sobe o morro, para em cada escola de referência, acolhe as crianças à uma hora
e, ao final da tarde, leva-as de volta para casa. Para quem sonhou com a
presença das crianças e dos adolescentes, para nós é um ponto muito importante
do projeto.
Ações com a nossa equipe multidisciplinar: nós
queremos aprofundar o debate sobre a educação para a paz e a cultura da paz.
Também é um dos objetivos do projeto. E, por último, o nosso foco é o trabalho
que temos com o grupo familiar, com as mulheres que são nossas parceiras de
trabalho e que estão lá para discutir, para encaminhar como se sai de uma situação
de conflito, como se superam as dificuldades no cotidiano. Temos também, além
desses encontros semanais, oficinas culturais, dança - apresentaremos depois -,
passeios, uma oficina de inclusão digital, agora não mais só para crianças e
adolescentes, também para as mulheres integrantes do projeto. Em breve teremos
essas mesmas parceiras trabalhando como multiplicadoras de uma cultura de paz
na comunidade.
Que desafios nós temos? Há muitas campanhas na
Cidade contra a violência. Nós não queremos que esse programa se torne apenas
mais uma campanha; nós queremos que ele seja um movimento para o
estabelecimento e para a permanência de uma cultura de paz. E nós queremos
ampliar este debate com toda a sociedade: com os Vereadores, com as
instituições, com o Fórum, com o Executivo, com o Conselho Tutelar, com os
Conselhos, com o Ministério Público. Tem que ser uma ação coletiva e uma ação
permanente. Dentro desta ideia, de querermos contribuir para uma cultura de
paz, nós vamos apresentar os nossos cartazes e os nossos adesivos, que vocês
receberam, dizendo que a cultura de paz se faz no cotidiano; por isso, nós
acreditamos que cuidar da criança gera paz, que escutar o adolescente gera paz,
que fortalecer a família gera paz, mas que, sobretudo, Vereadores, a paz se faz
com a atuação de cada um, plenária aqui representada. A paz vai se fazer com a
nossa atuação - é nisso que nós acreditamos.
Representando o grupo das nossas parceiras, a
Alessandra vai dar um depoimento.
A SRA.
ALESSANDRA ROCHA MARTINS: Este grupo tem contribuído muito para a minha vida,
também para a vida das colegas que participam do grupo. Hoje eu consigo
conversar mais com os meus filhos, com o meu marido, e escutar de verdade o que
eles me dizem. Eu estou mudando, não sou mais tão dependente do meu marido. Eu
sei que posso fazer muito mais coisas. Quero voltar a estudar. Tive um
crescimento pessoal e estou tentando passar isso para outras pessoas: colegas
de trabalho e do grupo de mulheres. Nesse grupo, eu vi que as minhas
dificuldades não são só minhas, outras mulheres também passam pelas mesmas
coisas, e, juntas, podemos nos apoiar. No grupo, a gente fala sobre os nossos
problemas, a gente dança, e tem oficina de inclusão digital. Isso também faz
com que a gente comece a acreditar que pode ir mais longe: sonhar e ter
esperanças de uma vida melhor. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. HAIDÊ
VENZON: Era esse o recado que queríamos dar. Os Vereadores da Casa receberam um
kit completo de todos os objetivos e
ações dos Projetos, e nós esperamos contar com a parceria desta Casa em outros
momentos. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Nós decidimos dividir o tempo com a manifestação
da representante da Petrobras, que foi uma parceira estratégica para que o
Projeto que o CMDCA vinha desenvolvendo tenha se ampliado e se qualificado da
forma cuja dimensão a Haidê conseguiu dar aqui, nesses rápidos minutos. Mas
sabemos da profundidade, da qualidade e, principalmente da experimentação, da
criação de alternativas reais de fortalecimento da família, para que a criança,
de fato, se inclua, desenvolva-se e saia da condição de vulnerabilidade. Então,
eu convido para fazer uso da palavra a Cristina Rabelo, gestora dos Projetos
Sociais da Petrobras. Cristina, eu quero, em nome da Casa, já dizer que para
nós, para a cidade de Porto Alegre... Esta Casa faz o reconhecimento e o
agradecimento pela escolha deste projeto e pela aposta que faz nas instituições
da nossa Cidade.
A Srª Cristina Rabelo está com a palavra.
A SRA.
CRISTINA RABELO: Boa-tarde a todos e todas; boa-tarde aos
Vereadores, à Mesa. Para nó s é uma alegria muito grande estar aqui, junto com
esta nossa parceira, uma instituição que é histórica na luta dos direitos da
criança e do adolescente, e é uma honra maior ainda nós termos o MDCA como um
dos nossos projetos na área de responsabilidade social da empresa. Foi feito um
convite à Petrobras, e eu vim aqui, na verdade, representando a equipe da
Responsabilidade Social da empresa. Nós somos uma equipe de gestores sociais, e
cada gestor social é responsável por um grupo de instituições. Eu ajudei a
organizar, a reorganizar o projeto quando ele foi escolhido pela seleção
pública, mas não está comigo, não está na minha carteira este projeto; ele é de
uma outra colega, mas, como nós trabalhamos juntos, eu vim aqui representando
essa equipe de gestores. Coube a mim, então, apresentar rapidamente o Programa
de Desenvolvimento e Cidadania, que é o programa da área de responsabilidade
social da Petrobras.
(Apresentação em datashow.)
A SRA.
CRISTINA RABELO: O MDCA está participando desse patrocínio que a
gente faz ao projeto, através do Projeto Gera Paz. O Programa Petrobras
Desenvolvimento e Cidadania tem como visão o desenvolvimento com igualdade de
oportunidades e valorização das potencialidades locais. A gente crê que,
potencializando as iniciativas locais, se consegue fortalecer essas iniciativas
e, com isso, criar uma situação de transformação social. Então, nós não
pensamos em grandes ações, mas em incentivo às iniciativas locais.
Qual é o objetivo? Contribuir para o
desenvolvimento local, regional e nacional, gerando a inserção social digna e
produtiva de pessoas e grupos que vivem em risco ou em desvantagem social no
País, reduzindo a pobreza e a desigualdade. Com isso acreditamos contribuir com
a transformação social do País. A empresa trabalha com um recurso que é um bem
da Nação. Não se trata de uma dívida, mas, como estamos trabalhando com um
recurso natural da Nação, nós temos um compromisso com a Nação, o de
compartilhar o que a gente consegue com esse recurso, no sentido de desenvolver
e transformar socialmente o País. Vou resumir aqui: temos um trabalho de
investimento diretamente ligado a projetos sociais, de fortalecimento de redes
e organizações sociais e também de difusão de informação para a área de
cidadania, um trabalho de difundir informação para as organizações da rede
social.
O Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania
trabalha por meio de três linhas de atuação: projetos que desenvolvam a geração
de renda e oportunidade de trabalho; a educação para a qualificação
profissional; a garantia dos direitos da criança e do adolescente, em que o
MDCA está incluído. Nessa linha da criança e do adolescente, também temos uma
atuação junto ao Fundo da Infância e da Adolescência, através do depósito, do
repasse de recurso aos Fundos da Infância e da Adolescência. Potencializando o
Fundo, esperamos contribuir também com a potencialização dos projetos que os
Conselhos apoiam.
Sobre temas transversais: dentro das três linhas,
esperamos que os projetos consigam desenvolver ações através de temas
transversais, como gênero, igualdade racial, atendimento a comunidades
tradicionais, atendimento a pessoas com deficiência.
O total de investimentos previstos de 2007 a 2010,
que é o prazo que temos de atuação no Programa Desenvolvimento e Cidadania, é
de 1 bilhão e 293 milhões, a fim de atender diretamente um total de 3 milhões e
918 mil pessoas e, indiretamente, um total de 13 milhões e 719 mil pessoas;
perfazendo um total de 17 milhões e 600 mil pessoas atendidas direta ou
indiretamente. É um desafio ousado para nós. Estamos buscando fazer isso com
muito esforço, porque acreditamos que a nossa contribuição tem que ser desse
tamanho para sociedade. Achamos que ainda poderíamos fazer mais, mas o que
organizamos até 2012 foi o cumprimento destas metas.
Eu separei mais ou menos algumas questões. Na área
da garantia dos direitos da criança e do adolescente, que é a área que tem
relação com o projeto de que estamos falando aqui, temos algumas metas: os
participantes em atividade de educação complementar, apresentando melhoria no
desempenho da educação formal; os participantes em projetos voltados para a
proteção, concluindo o período total de atendimento; os profissionais do
sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente em atividades de formação relacionadas ao tema. Isto não é nada mais do
que é preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente e que nós
transformamos em metas para a companhia alcançar
nessa linha de atendimento, da garantia de direitos da criança e do
adolescente.
E, aí, entra uma
outra questão importante: nos projetos que aprovamos e acompanhamos, buscamos
de incentivar, estimular no sentido de que os projetos façam um atendimento à
criança, levando em conta o acompanhamento familiar e o acompanhamento escolar.
Então, nós acreditamos que o projeto que trabalha com a garantia dos direitos
da criança e do adolescente precisa realizar esse atendimento, são nesses
espaços que precisamos acompanhar efetivamente as crianças e os adolescentes.
Na verdade, nos projetos, a gente incentiva, provoca, para que não se faça o
atendimento direto sem esse acompanhamento da família e da escola. É um
princípio nosso, da nossa equipe, da nossa gerência.
A gente acredita que,
com isso, não vamos trabalhar apenas com as necessidades da população atendida,
trabalhando através da filantropia ou da compensação, porque muitas vezes as
ações que a empresa faz são vistas como compensatórias, em função da retirada
dos recursos que nós temos no nosso País. Então, as nossas ações de
responsabilidade social, muitas vezes, são vistas como compensatórias e, com
isso, dando um caráter de ajuda à população. E não é isso que nós estamos
buscando construir. Na verdade, nós queremos construir a efetivação de direitos
através da sustentabilidade, com a construção de autonomia das instituições,
dos grupos que nós atendemos, que nós apoiamos e que nós patrocinamos. Isso,
para nós, é uma atitude de respeito à caminhada que a população, que os grupos
organizados estão fazendo no País. Então, o nosso sonho, como área de
responsabilidade social, que se está construindo na empresa, é criar grupos,
acompanhar, porque os grupos já estão construindo isso, mas que
possamos acompanhar esse processo de autonomia e emancipação dos grupos. Assim,
muito mais do que estar patrocinando, repassando recursos para as instituições,
estaremos realmente participando desse processo de transformação social que as
instituições historicamente fazem, elas produzem essa caminha há muito tempo no
País.
Queremos ser participantes, parceiros,
colaboradores e apoiadores dessa história de lutas das organizações. E é nesse
sentido que estamos aqui acompanhando hoje esta atividade que foi motivada pelo
MDCA, porque acreditamos que seja uma das instituições representantes dessa
luta e que consegue trabalhar de forma muito interessante essa integração de
que eu havia falado, a integração com a escola, a integração com a família, a
valorização da família, o respeito à caminhada da comunidade em que está
inserida. E com esse mote, que é a paz. Como a Haidê já falou: a paz se
constrói através de uma ação organizada e integrada com a comunidade. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Cristina. Convido-a compor a Mesa
conosco. Temos a presença dos Conselhos, da Secretaria, do Ministério Público,
estas instituições vão dialogar, discutir na sequência, numa atividade no
Plenarinho. Como aqui se realiza a Quinta Temática, e nós temos um tempo
reduzido, agora, segundo o nosso Regimento, nós teremos as manifestações dos
Srs. Vereadores e das Sras Vereadoras.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra no período
temático de Comunicações. (Pausa.) Neste momento, o Ver. Adeli não está no Plenário.
O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. DR. RAUL
TORELLY: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, todos os
que nos assistem; em primeiro lugar, o nosso apoio e reconhecimento a todas as
pessoas, muito especialmente às que compõem esta Mesa, pessoas que tanto lutam
pela criança e pelo adolescente. Nós, que somos também de uma área social - eu,
no caso, médico há 30 anos, trabalhando ainda no Partenon, no Campo da Tuca -,
sabemos bem onde atuamos. Então isso não é de hoje, é uma situação de
desequilíbrio social que aflige muito a nossa região do Partenon, em especial,
como também algumas outras áreas da Cidade.
Algumas situações me motivaram a vir aqui falar.
Neste primeiro momento, quero reconhecer o trabalho de vocês, o trabalho da
Petrobras, que está realmente com esse seu braço social favorecendo a milhões
de pessoas no País. Como Vereadores que representam uma parcela importante da
população - no contexto geral, toda a população de Porto Alegre -, nós nos
sentindo contemplados com esse tipo de trabalho, que se soma àquele
desenvolvido no dia a dia da Prefeitura, aquela ampliação das creches. Nos
últimos anos, tivemos muito mais creches construídas, em especial no Governo
Fogaça, agora Fortunati, desenvolvendo políticas públicas, na medida do
possível, para que realmente haja essa inclusão social.
Sabemos que temos problemas sérios, inclusive
esteve aqui recentemente o Marcio Pochmann, que é o nosso Presidente do IPEA,
nos trazendo notícias, estatísticas sobre a questão da miséria no Brasil.
Infelizmente, os dados nos apontam para em torno de 300 mil pessoas no Estado
do Rio Grande do Sul, 50 a 70 mil em Porto Alegre, e mais de 50% dessas pessoas
que vivem em situação de miséria são crianças. Então, esse é um dado marcante,
e nós temos que dar uma atenção especialíssima a essas crianças que aí estão,
porque elas precisam ser alvo do que todos nós queremos, que é, na realidade,
levar a cidadania a todos, independente da sua condição social, cultural, de
gênero. Eu particularmente, como médico, gosto muito de trabalhar na questão do
planejamento familiar. E tenho identificado, ao longo desses anos de trabalho,
que mais de 50% das pessoas, em especial as mulheres que vivem em situação de
miséria ou de extrema pobreza, querem ter acesso às políticas públicas de
planejamento familiar, mas não conseguem chegar efetivamente até elas. Então, a
minha sugestão, muito especialmente à Petrobras, é que também se debruce sobre
essa questão, de maneira a auxiliar, a patrocinar projetos que envolvam o
planejamento familiar, muito especialmente na área de informação e na área de
acesso às políticas de planejamento familiar. Porque esse também é um direito
humano fundamental básico, e nós precisamos incentivar que seja exercido na sua
plenitude.
Eu também gostaria de deixar uma mensagem: assim
como nós temos numa cidade um Plano Diretor Cicloviário, um Plano Diretor de
Acessibilidade, o Plano Diretor da cidade, nós também temos que ter,
efetivamente, um plano diretor da assistência social, para que saibamos aonde
nós queremos chegar. Isso é fundamental para que nós atinjamos os nossos
objetivos. Eu queria deixar uma mensagem muito positiva, nós estamos
trabalhando permanentemente na área da inclusão social, e eu, particularmente,
na área da Saúde. Quero dizer que a nossa missão é essa, e vamos procurar
fazê-la da melhor maneira possível. Obrigado. Saúde para todos! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Dr. Raul Torelly.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra no período
temático de Comunicações.
O SR. ADELI
SELL: Boa-tarde a todas e a todos. Quero cumprimentar as nossas visitas, já
nominadas no protocolo. O assunto é vasto demais, e eu vou segmentá-lo, para
tratar fundamentalmente da Educação Infantil aqui em Porto Alegre, quero
verificar se as nossas posições estão de acordo com o que o movimento social
pensa sobre as nossas crianças na Capital. Eu vejo, de forma muito positiva,
que, no passado, a Prefeitura, durante a gestão da Professora Esther, trabalhou
para fazer magníficas escolas infantis. Posteriormente, a Administração,
estudando e verificando as dificuldades financeiras, optou por não continuar o processo dessas grandes escolas, por serem
inviáveis, segundo o Orçamento da municipalidade. Depois, optou-se por fazer os
convênios com as creches comunitárias. Parece-me que, de modo geral, é uma
iniciativa acertada, assim como os convênios para as políticas do SASE feitos
com outras instituições.
A pergunta que não quer
calar é: que tipo de instituição mínima nós devemos ter? Porque, em alguns
casos, eu pude verificar que as creches, as chamadas escolas infantis, de
algumas instituições que cuidam também do SASE, são inadequadas. Até que ponto
a municipalidade tem que ajudar a reformar, restaurar, equipar e ampliar a
parte física dessas instituições, além do conveniamento que dá condições dessas
instituições pagarem os profissionais? Até que ponto essa política é correta?
Eu creio que a gente poderia avançar um pouco. Se nós não temos condições de
ter as escolas pensadas pela Professora Esther; se, por outro lado, nós
acreditamos que há uma precariedade nas nossas pequenas, acanhadas e, muitas
vezes, não bem estruturadas instituições, chamadas creches ou escolas infantis,
como nós podemos caminhar para algo intermediário? Esse é o caminho correto?
Essa é a visão que as senhoras e os senhores têm de como devemos trabalhar a
questão do ensino e aprendizagem, da formação das nossas crianças na cidade de
Porto Alegre?
Portanto, é o debate
que eu gostaria de trazer aqui. Recentemente, fiz um artigo sobre esse tema, e
é uma pena que eu não me dei os meios de fazer uma cópia para entregar a todos
aqui, quem sabe ainda consiga fazê-lo imediatamente. Mas eu gostaria, de forma
sucinta, nessa minha intervenção, de levantar essa problemática. Assim, eu
creio que faço a minha modesta contribuição a esse importante debate em
Comunicações nesta tarde, para tratar do Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente e de todos os derivativos que surgem daí.
Aprendi muito com o
movimento social, debatendo a questão do Conselho Tutelar; mudei algumas das
minhas formulações, outras eu mantenho, porque acho que nós precisamos, mais do
que nunca, num Estado Democrático de Direito, de políticas cidadãs, de
inclusão, com todo o nosso esforço. Dessa maneira, construiremos uma sociedade
cada vez mais solidária, onde não apenas o Estado, a municipalidade, no caso,
participe com recursos, mas que a iniciativa privada cumpra o seu papel, que também
deve ser o de fazer política social, e as organizações do terceiro setor, que
não podem servir para interesses particularistas, mas, como é da sua origem e
natureza, devem servir ao bem-estar das pessoas.
Por amar Porto
Alegre, acredito que Porto Alegre pode evoluir para uma modernidade, como já
teve no passado, pode superar esse momento de estagnação em algumas de suas
políticas. Eu lhes digo que foi um prazer poder abrir este debate com tantas
pessoas interessadas no tema da criança. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Srª
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Inicio
minha fala, Srª Presidente, dizendo: sim, cuidar de crianças gera paz! É mais
fácil cuidar de criança do que cuidar de bandido. Por isso os nossos
cumprimentos a todos os que estão preocupados em cuidar das crianças, porque
cuidar de criança, além de ser uma obrigação, é mais fácil, é mais barato do
que cuidar de bandido. Eu inicio também dizendo, Vereadores, que deverei
retomar um Projeto que não consegui ver aprovado na sua totalidade: é aquele
que disciplina a votação para representante dos Conselhos Tutelares em Porto
Alegre.
Quero dizer à representante do Ministério Público,
a Drª Maria Regina Fay de Azambuja, que o Ministério Público precisa estar
atento. Nós não podemos permitir que o Conselho Tutelar permaneça sendo
instrumento de Partido político e de igrejas! E eu desafio aquele que, filiado
a um Partido político, venha aqui e diga que seu Partido não se envolve com a
eleição para o Conselho Tutelar. A todas as senhoras e os senhores que fazem
esse belo trabalho fica um convite para se preocuparem também com os nossos
representantes no Conselho Tutelar. Não podem ser rabichos de político e de
igreja! Nós, no ano passado ou retrasado, fizemos um trabalho maravilhoso, que
foi instituir a ficha limpa para os candidatos à eleição do Conselho Tutelar.
Quiçá os nossos Deputados Federais fizessem a mesma coisa para os políticos no
Congresso Nacional, que lá instituíssem a ficha limpa. Nós, aqui, fizemos. Só
faltou um detalhe, que é a possibilidade de o eleitor votar só em um
representante, e é aí que persiste a maracutaia. Só em um, porque, aí, aquele
segmento religioso, ou aquele Partido, ou aquele Parlamentar que têm um grupo
só vai conseguir colocar um naquela microrregião, e não os cinco. Então, nós
precisamos ter coragem para enfrentar isso e vamos retomar esse assunto já, já.
Cuidar de crianças não pode ser misturado com
política partidária, tampouco com outros segmentos da sociedade que se prestam
a esse trabalho de fazer eleger os seus representantes para trabalhar lá.
Desculpem a minha franqueza, mas é esse o meu sentimento.
Eu quero cumprimentar todas as senhoras que falaram
aqui. A gente sente sua vibração, porque fazem um trabalho com amor. E eu acho
que faz muito bem a Petrobras. Quero dizer à Cristina que, felizmente, fui
funcionário da Petrobras durante oito anos. Então, tenho o maior carinho pela
Petrobras, acho que a Petrobras faz bem. Na verdade, no fundo mesmo, quem
patrocina esse trabalho da Petrobras somos nós, brasileiros, que pagamos
gasolina, e acho que faz muito bem. Eu a estava admirando pelo entusiasmo com
que a senhora apresentava o projeto da Petrobras. É outra que faz com amor, com
energia, e só pode dar resultado positivo. Quero a cumprimentá-la também por
isso. E que bom que as nossas empresas tanto públicas quanto mistas fazem esse
trabalho que precisa ser feito com o nosso jovem.
Fica aqui o desafio para que avancemos um pouquinho
mais, doutora, na questão da nossa indicação dos representantes para os
Conselhos Tutelares em Porto Alegre. Não podemos misturar política partidária
com a eleição dos nossos Conselhos Tutelares. Aqui esteve, naquela
oportunidade, o Promotor Luciano Muratt, que fez um trabalho maravilhoso. Nós
só não conseguimos mexer nessa questão da votação, algo que, infelizmente,
persiste. Quero cumprimentar todos vocês que fazem espontaneamente esse
trabalho maravilhoso. Finalizo, doutora, dizendo que é mais barato e mais
salutar cuidar de criança do que cuidar de bandido. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra no período
temático de Comunicações.
O SR. PEDRO
RUAS: Presidente Sofia Cavedon, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Faço um registro especial à
Drª Maria Regina Fay de Azambuja, porque soube, agora há pouco, que V. Exª,
Promotora, é filha do Dr. Ruy Rodrigo de Azambuja. É uma grande honra lembrar
desse jurista, jurista e amigo.
Vereadoras, Vereadores, público que nos assiste, no
início dos anos 1980, ainda um pouco antes de nascer a Verª Fernanda
Melchionna, a nossa mais jovem detentora de mandato na Casa, nós fazíamos um
trabalho cujas atividades durava um semestre, talvez em 1981 ou 1980, não me
recordo agora. No primeiro semestre fizemos um trabalho de colocação de canos
para esgoto, e fazíamos mutirão para comprar os canos, e, depois, com a
comunidade, colocávamos esses canos de esgoto, sob a orientação, claro, de uma
pessoa que conhecesse o assunto. No segundo semestre, também fizemos o trabalho
de alfabetização voluntária, e eu era um dos que atuavam, com a orientação
pedagógica de um técnico. Houve um momento em que um dos meninos alfabetizados,
talvez com 11 ou 12 anos na época, morador da periferia, muito pobre, que
morava com a família e que havia sido alfabetizado, disse para o nosso grupo
que queria ser médico. Lembro muito bem que fiquei comovido, mas, fazendo uma
vinculação com a realidade, particularmente com a parte trágica, eu pensei:
“Dificilmente ele o será. Estatisticamente, não será!” Ele se alfabetizara com
11 ou 12 anos. Negro, morador de periferia, estatisticamente, não conseguiria.
Evidentemente, não disse isso, mas sofri muito pensando nisso. Quantos sonhos
desfeitos! Quantas impossibilidades, quanta falta de oportunidades! Quanta
desigualdade já no começo da vida! O nosso trabalho ali era um mero trabalho
paliativo, uma tentativa. Naquele período, nós não tínhamos ainda as cotas, que
hoje até dão uma esperança para setores sociais. Naquele período, nós tínhamos
a impossibilidade estatística. Quantos médicos, quantos universitários de
medicina negros existiam nos anos 1980? Arrisco-me a dizer - arrisco-me, não
tenho certeza - que nenhum. E as faculdades particulares com um preço
impossível.
Então, o sonho daquele menino era irrealizável. Em
1989, eu trabalhei na Comissão da OAB, na época da formação do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Acho que agora, 21 anos depois do ano de 1990 -
falávamos eu e a Verª Melchionna sobre o tema -, nós podemos dizer que ele
existe, é verdade, mas falta muito para a sua implantação real, e o trabalho de
vocês - é nesse sentido que eu venho à tribuna - é elogiável, é importante, tem
e merece o nosso apoio. É muito importante, faz muita diferença! Nós não temos
igualdade de oportunidades. Aos sete anos a criança começa numa escola pública;
dali a dez anos, ela não vai ter chance estatística na disputa dos
vestibulares, de formação e emprego. Nós temos que terminar com esse destino
trágico-social. A política de auxílio, a política populista do mero auxílio, da
mera ajuda, ela tem esse limite. É claro que tem que ter a ajuda, tem que ter o
auxílio, tem que ter a comida, senão morre de fome, mas nós temos que lutar por
igualdade de oportunidades, nós temos que dar exemplos para que as pessoas
acreditem que há pessoas, que há setores, que há grupos que se importam com
elas, sim, e querem fazer a diferença.
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. PEDRO
RUAS: Eu queria só deixar esse registro - emocionado, é verdade, porque o
trabalho de vocês faz muita diferença, é algo que, para nós, conta muito.
Contem conosco! Eu sei que a sociedade conta com vocês, Joel, e, para nós, isso
é definitivo. Parabéns pelo trabalho! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidenta, Verª Sofia Cavedon,
cumprimento V. Exª, dou as boas-vindas aos nossos convidados, na pessoa do Joel
e da Haidê; saúdo toda a Mesa aqui presente, saúdo também os meus colegas
Vereadores, Vereadoras e o público aqui presente. Eu estava ouvindo atentamente
as duas manifestações. O Joel nos traz uma grande reflexão sobre o modelo do
Orçamento Participativo que hoje é vigente em Porto Alegre e que coloca a
Assistência Social como mais uma das demandas, como as demais, mas que traz - é
a posição dele - uma enorme atenção de preocupação: se nós temos mais de 500
Organizações Não Governamentais que trabalham com o tema, podemos observar que
os recursos disponíveis no OP estão muito aquém da necessidade da nossa Cidade.
Então é um desafio muito interessante, porque, se no passado o OP era a “menina
dos olhos”, Ver. Cecchim, não só para a população decidir o que ela queria,
hoje sabemos que os recursos disponíveis ficam aquém, mas muito aquém das
necessidades. Eu diria que, não fossem as Organizações Não Governamentais, o
Poder Público teria uma enorme dificuldade de atender a necessidade da
população; percebemos aqui que uma linda iniciativa da Petrobras acaba
atendendo um projeto estratégico de acolhimento e de proteção à criança.
Portanto, é uma boa temática que nós podemos enfrentar, é um grande desafio que
deveremos continuar suscitando como política governamental do Governo de Porto
Alegre a partir da LDO que está sendo discutida nesta Casa, a partir da Peça
Orçamentária que será definida até outubro próximo.
A Dona Haidê traz uma
posição muito preocupante, em uma frase muito atual: “O que queremos para as
nossas crianças? O que queremos para nossas comunidades? O que queremos para as
famílias?” O que queremos para aquelas famílias que moram em áreas de risco,
Ver. João Antonio Dib? Temos mais de 600 vilas, alguns falam em 700 vilas só em
Porto Alegre, em áreas irregulares, porque nem todas têm, ainda, o uso da
posse, não têm a escritura do seu terreno, portanto são áreas municipais, áreas
verdes municipais ou estaduais, e muitas delas, por terem esse critério,
inclusive, têm prerrogativa de estarem contempladas no Programa Minha Casa,
Minha Vida. Então, eu acredito que é, sim, um grande desafio para todos nós.
Eu lembrava, quando
passava o vídeo, Dona Haidê, que, quando eu cheguei a Porto Alegre, nos anos 80,
seminarista dos Padres Josefinos de Murialdo, me colocaram a dar aula no Morro da Cruz e na Vila Vargas, exatamente em locais com uma enorme
dificuldade de acessar os serviços públicos, seja transporte, creche ou saúde.
Uma região que, de fato, até hoje tem enorme dificuldade de acessar esses
serviços. Eu diria que somente nas creches, em algumas da região, existem mais
de 300 famílias na fila de espera para uma vaga. Então, como vamos resolver
isso? O que nós queremos para o futuro dessas crianças, dessas famílias?
Inclusive, recebi hoje uma senhora no meu gabinete, ela é do Morro da Cruz, ela
dizia assim: “Eu conheço duas famílias que estão numa área de risco; se houver
uma forte chuva ou uma tempestade, essas famílias terão que ser deslocadas de
lá. O que fazer para garantir a elas o direito de uma moradia decente?” E ali a
gente dialogava e conversava sobre a possibilidade de haver uma
transversalidade com o DEMHAB.
Eu acredito que o
MDCA, como também o Conselho Tutelar, deveria ter uma incidência, Ver. DJ
Cassiá, muito mais forte, inclusive decisiva. O direito não se daria apenas por
inscrição, ou por morar em área de risco; essas entidades que trabalham com a
temática e que sabem, essencialmente, aquele que precisa de uma creche, ou que
pode ser contemplado com o Programa Minha Casa, Minha Vida, poderiam ter um
documento que confirmasse a atual situação dessa família. Então, são as ideias
e os desafios, acho que tem que se continuar nessa perspectiva. Também quero
parabenizar a ideia do projeto; com essa parceria da Petrobras, eu acho que
todos os Governos, federal ou estadual, com essas autarquias que podem
transferir recursos para as nossas entidades, devam continuar, porque o Poder
Público sozinho não consegue administrar as dificuldades existentes. É preciso
aumentar as parcerias. Uma boa vinda, e que Deus acompanhe o projeto
desenvolvido por vocês. Parabéns!
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra no período temático de Comunicações.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Srª
Presidente, queria cumprimentar todos integrantes da Mesa, agradecer a
palestra-aula que vários trouxeram aqui, apresentando dados e programas
importantes, assim como cumprimentar todos os que aqui vieram acompanhar este
momento importante de discussão do Parlamento.
Prestei muita atenção
nas intervenções, e algumas coisas, Joel, que tu colocaste chamam muito
a atenção. Vejam a questão da quantidade de atendimentos realizados às
crianças, aos jovens e aos adolescentes do ponto de vista tanto do Poder
Público como das entidades associadas. Nós temos um contingente, Ver. João
Antonio Dib, de mais de 140 mil crianças de 0 a 6 anos no Município de Porto
Alegre e temos hoje um atendimento, entre creches conveniadas – eu gostaria de
dizer desta tribuna que elas fazem um trabalho majoritariamente excelente com
poucos recursos repassados –, de 15 a 16 mil crianças, foi o dado que o Joel
trouxe para nós. Fazendo a matemática simples da subtração, nós chegaremos a
120 mil, mais ou menos, os que precisam de atendimento em outros lugares: ou
creches privadas, Jussara, ou famílias que cuidem das crianças, ou o jovem mais
velho que cuida do irmão mais novo, e a gente sabe a quantidade de acidentes
domésticos que acontecem com crianças nessa situação. Então, a ampliação das
verbas para atendimento à educação básica e a garantia do cumprimento da lei
que exige o atendimento pleno a creches para crianças de 0 a 6 anos são
fundamentais.
Chama mais atenção ainda o número trazido dos SASEs
e dos adolescentes. Eu não quero me demorar, mas choca, porque justamente
aquele momento da vida – na ausência da estruturação, na ausência de uma
oportunidade, na ausência do Poder Público – faz com que nós percamos milhares
deles para várias coisas, para epidemia do crack,
como diria a nossa guerreira Heloisa Helena, para uma gangue capitalista que
copta a juventude lá no início, ou em função da própria entrada muito prematura
no mercado de trabalho, o que faz com que vários jovens evadam do ensino médio
e acabem com os seus sonhos de cursar um curso de nível superior ou técnico.
Nesse sentido, eu queria trazer dois elementos que
acho que são de responsabilidade do Parlamento. Sobre a questão da cobrança das
políticas públicas para a juventude, acho que, se nós olharmos o valor
executado pela Secretaria Municipal de Juventude, inclusive os problemas que
houve em vários projetos que nós implementamos na nossa Cidade, veremos que
temos que nos debruçar para garantir que haja mais recursos para execução de projetos
e para que eles cheguem antes à juventude, seja em relação à estruturação de
mais SASEs, seja na cultura,
educação, projetos complementares, além do turno da escola, junto com projetos
de fortalecimento da família, junto com projetos para criar as identidades.
Assim vamos poder, de fato, dar uma oportunidade para jovens que nós vemos, muitas vezes, nas esquinas, Ver. Pedro Ruas - às vezes,
jovens da minha idade mendigando nas esquinas. E, aí, dá um nó no coração de
sermos a sétima economia do mundo – o Brasil é a sétima economia do mundo – e o
terceiro país em desigualdade social da América Latina. Nós temos um desafio
histórico de reverter essa pirâmide, de acabar com a desigualdade social,
fazendo com que os ricos paguem mais imposto do que o povo trabalhador, o
assalariado, aquele que ganha um salário mínimo, ganha R$ 545,00. É inaceitável
essa pirâmide que nós vivemos no Brasil.
A segunda questão
trazida pelo Sr. Joel a esta tribuna, questão muito correta, é o Orçamento
Participativo. Nós não podemos dizer que as verbas para Assistência, gente, têm
que ser disputadas nos 6%, Jussara, que vão para o Orçamento Participativo. Não
é possível que a gente pergunte às comunidades se elas querem saneamento nas
comunidades que não têm saneamento, ou se elas querem regularização fundiária,
quando nós temos 700 comunidades irregulares no Município, ou se elas querem
assistência. É competir com desiguais. Digo mais: Assistência junto com as
outras áreas é dever do Estado. Dizer que democracia é discutir apenas 6% do
Orçamento não me parece que seja a democracia real e não pode ser a política de
assistência do Município de Porto Alegre. Nós, aqui no Parlamento, podemos
começar com uma sugestão trazida por vocês que eu acho que é fundamental, que é
um seminário, igual aos vários que nós fizemos, sobre o início do planejamento
estratégico da questão da Assistência, junto com a questão da implementação do
SUAS.
Acho que é muito
pertinente vocês terem vindo hoje trazer esse rico debate, porque nós acabamos
de receber o Orçamento do Prefeito Municipal e nós temos que fazer um amplo
movimento na nossa Cidade para que a Assistência, a Educação e a Saúde sejam
olhadas com outros olhos. Digo não só olhadas, mas também aportadas
financeiramente, porque não há política pública sem Orçamento, não há política
pública sem democracia e não há política pública sem transparência. Parabéns a
vocês, parabéns às entidades, contem com o PSOL para essa luta. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra no período
temático de Comunicações.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sr. Joel
Lovatto, Coordenador do Fórum; em nome dos demais integrantes da Mesa, eu quero
saudar a Dona Haidê Venzon, pela sua histórica luta na defesa dos valores
gerais e, em especial, na defesa das crianças e dos adolescentes. Quero também
cumprimentar as demais pessoas presentes, as crianças, os adolescentes, os
Vereadores e as Vereadoras.
Paz se faz com atuação, que é a capacidade de
sairmos da retórica para atuarmos, de forma direta e concreta, sobre os
problemas que enfrentam a criança e o adolescente, sobre os desajustes
estruturais da família, cujo diagnóstico já temos. Fatores econômicos, fatores
sociais, Dona Haidê, penso, têm despejado, sobre a infância, sobre a criança,
todo um peso de necessidades, têm levado a criança e o adolescente a uma
situação quase que insuportável. Isso, lamentavelmente, determinou que essa
faixa etária, fundamental na construção do ser humano, se perdesse em grande
parte; o que é de lamentar, na medida em que a criança e o adolescente
terminaram sendo destinatários desses desajustes, que têm nascedouro nas
relações econômicas, nas relações sociais. Então, a criança e o adolescente
estão pagando o grande tributo humano.
Basta visitarmos, como nós, os Vereadores, fazemos;
nós, os Vereadores, de um modo geral, andamos pelas mais diferentes áreas,
principalmente pelas áreas carentes. E muitos de nós, de forma concreta e
objetiva, de uma forma ou de outra, junto aos instrumentos e aparelhos... E aqui falaram das creches e de toda uma série de organismos na defesa da
criança e do adolescente. Na segunda-feira, se não me falha a memória, tivemos
um debate aqui com a juventude, com alunos do Parobé, com um grande
especialista, um homem profundamente conhecedor da alma humana, o Dr. João
Batista, juiz que conhece o problema, e foi algo extremamente importante. Eu
reputo, quero deixar claro, Ver. Oliboni, que este tipo, Presidenta, de
discussão é extremamente importante, quando vêm aqui os estudantes, a
juventude, as crianças e adolescentes e debatem, interagem com a Mesa, com os
Vereadores, enfim, para que comecemos a construir o entendimento. Eu acho
fundamental o entendimento da sociedade com a sua representação. Esta Casa
representa a Cidade e seu povo num processo pro
tempore, por aqui passamos, outros representam e outros representarão.
É de fundamental
importância que possamos fazer essa inter-relação. Com essa inter-relação somos
capazes de construir não só no plano, vamos dizer assim, de buscar caminhos,
ideias, de colocar formas, mas também de, concretamente, irmos lá no fundo, lá
no interior dos nossos bairros para conhecer a realidade da criança e do
adolescente, recebendo organizações, como a que hoje nos visita, e tantas
outras. Que se multipliquem esses aparelhos, esses instrumentos sociais na
busca de salvarmos esta faixa etária da vida que sofreu o grande peso, a grande
agressão de toda uma desorganização, algo a que, infelizmente, nós estamos
assistindo.
Então, meus
cumprimentos, Dona Haidê. A senhora é Cidadã de Porto Alegre? Mas não pode! Eu
tinha quase certeza, Dona Haidê, que a senhora era Cidadã de Porto Alegre. Que
falha a minha! Mas o seu esposo, Dr. Venzon, sim? Mas nós estamos tardando
nisso, Dona Haidê. Fica aqui, portanto, a minha homenagem à senhora, que é uma
lutadora de tantos e tantos anos, também às crianças, aos adolescentes, aos
presentes. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Elói.
O Ver. DJ Cassiá está com a palavra no período
temático de Comunicações.
O SR. DJ
CASSIÁ: Srª Presidente, Srª Vereadoras, Srs. Vereadores, Sr. Joel, Srª Haidê,
senhoras educadoras, Conselho Tutelar, jovens que estão aqui, eu estava atentamente ouvindo as manifestações e confesso às senhoras e
aos senhores aqui que começo a acreditar mais um pouco realmente, quando vejo a
Petrobras envolvida onde deveria estar envolvida já há muito tempo, que é na
questão de parceira com aqueles mais necessitados. Até mesmo porque a
Petrobras, como outros órgãos, fica com uma boa parte do “bolo” da contribuição
do cidadão, daquele que acorda às 5 horas, 6 horas da manhã e trabalha 12 meses
no ano, sendo que seis meses são para pagar imposto. Pela primeira vez eu
começo a bater palmas para Petrobras. Muitas vezes eu já me perguntei por que a
Petrobras não era mais ativa ou mais participante lá no meio das comunidades
carentes. Eu não estou fazendo uma crítica a Petrobras, estou aqui dando os
parabéns a Petrobras agora.
Eu quero dizer às
senhoras e aos senhores que, se a criança não for tratada e cuidada nos seus
três, quatro, cinco anos, lá adiante todos nós saberemos qual será o
resultado, o custo que essa criança terá para a família dela e para a própria sociedade:
um custo altíssimo. Neste País, Ver. Elói, alguns Governos preferem pagar muito
depois – por manter um jovem trancado numa FASE ou no Presídio Central – a
investir na preparação desse jovem. Quero dizer para as senhoras que eu nasci
numa comunidade muito carente e, como a maior parte dos jovens que estão aqui e
os milhares que estão espalhados, tive sonhos e ainda continuo tendo sonhos,
mas os meus sonhos hoje não são mais para mim; hoje os meus sonhos são para
aqueles que não têm espaço, para aqueles que não têm a oportunidade.
Um dia eu estava caminhando na Rua Nilo Wulff, lá
na Restinga, estava subindo para o Centro Comunitário, para o Cecores – eu
chamo Centro, mas hoje não é mais Centro Comunitário –, e lá havia várias
atividades culturais e esportivas, e o meu sonho era cantar, era ser cantor,
mas, infelizmente, eu sou muito ruim para ser cantor, muito ruim mesmo. Aí
tentei achar outra forma, e a forma que achei era muito cara, talvez as
senhoras e os senhores não saibam, mas um curso para ser DJ é uma fortuna, é
uma fortuna. E eu jamais teria condições de pagar um curso para DJ; então, eu
tive a oportunidade não de me formar como DJ, mas a oportunidade de me preparar
para o futuro, tanto que hoje eu estou aqui, representando a sociedade, representando
o povo.
O que eu quero dizer aqui é que o investimento no
jovem tem que começar pela Educação. Eu não vou cansar de falar nesta tribuna,
enquanto eu estiver aqui, que a Educação no Brasil não deve ter bandeira
política; a Educação no Brasil tem que ser prioridade dos políticos. Só assim
nós vamos salvar o nosso jovem, só assim nós vamos dar oportunidade para o
nosso jovem.
Digo, rapidamente para concluir, minha Presidente:
uma jovem que faz faculdade tem, no máximo, dois filhos, ou nenhum filho. Uma
menina que mora dentro duma comunidade, se não tem a oportunidade de estudar,
tem cinco, seis, sete filhos. E o que vai ser dessas crianças? Não preciso
concluir, porque todos os senhores e as senhoras sabem a resposta. “Eu só quero
é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci!” Que Deus abençoe as
senhoras e que continuem com esse trabalho. Parabéns à Petrobras! Torço para
que a Petrobras continue investindo mais nas comunidades carentes. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em período
temático de Comunicações.
O SR. LUIZ
BRAZ: Srª Presidente, cumprimentando-a, cumprimento toda a Mesa. Quero fazer
uma referência especial a uma pessoa que admiro muito, porque há muitos anos
vejo a luta que ela empreende em prol dos jovens do nosso Estado: a Dona Haidê
Venzon é uma das grandes referências que temos em nossa sociedade na defesa de
uma juventude mais sadia, de um País mais justo. Quero cumprimentá-la e fico
muito feliz sempre que vejo a senhora aqui na nossa Câmara Municipal.
Cumprimento os Srs. Vereadores, as Sras Vereadoras, as senhoras e os
senhores.
Eu vim aqui, em nome do meu Partido, mais para
narrar uma experiência que começou numa das regiões mais carentes da nossa
Cidade, o Morro da Cruz, mas que já se espalhou por algumas regiões, e acredito
que deveria ser copiada por muitas outras pessoas, muitas outras escolas. O DJ
Cassiá esteve aqui, e ouvi outros oradores também, Ver. João Dib, que falaram
da necessidade de calcarmos os fundamentos do nosso jovem numa educação melhor
do que a que temos hoje. Ver. Elói Guimarães, na Escola Municipal Professora
Judith Macedo de Araújo, que fica lá em cima do Morro da Cruz... Há aqui
adolescentes de lá? (Pausa.) Então, eles podem confirmar. Eu estive várias
vezes nessa escola, e tem uma professora que admiro muito pelo trabalho que
começou a fazer lá, é a Professora Cleonice.
Ela fez alguma coisa, Ver. Oliboni, que me lembrou
muito Platão, na sua escola peripatética. Ela pegou um grupo de alunos, levou
esse grupo de jovens – baseada, inclusive, naquele Atlas Ambiental de Porto
Alegre, feito pelo Professor Rualdo Menegat, da Universidade Federal;
inclusive, estivemos várias vezes com o Professor Rualdo na Escola Judith Macedo
de Araújo – para conhecer a periferia, a sua região, aquilo que estava no
entorno da escola. Eu saí com aqueles jovens algumas vezes. Eles são capazes de
descrever as árvores, os tipos de árvore, as ervas, as pedras, os tipos de
rocha, os cursos de água que existem naquela região. Eles influenciaram de tal
modo as pessoas ali daquela escola, que eu acredito que esta seja uma das
escolas mais bem cuidadas que temos na nossa Porto Alegre. Hoje já temos isso
em outras escolas, mas eu vi o primeiro exemplo lá na Escola Judith Macedo de
Araújo, com a Professora Cleonice.
Esse tipo de ensinamento faz com que o jovem goste
mais da sua escola, porque hoje as escolas, infelizmente, têm determinados
conteúdos que não são atrativos para os jovens e que fazem com que eles não
tenham nenhum interesse em ir à escola, para fazer o seu aprendizado. Acho,
Ver. Pedro Ruas, que, se pudéssemos criar – não nós, claro, as pessoas
competentes para isso – métodos capazes de atrair essa criança para a escola, assim como fez o pessoal da Escola Judith Macedo de Araújo, nós
estaríamos estabelecendo um novo rumo para nossa Educação e, quem sabe,
condições melhores para que os nossos jovens pudessem se conduzir dentro da
sociedade...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Presidente concede
tempo para o término do pronunciamento.)
O SR. LUIZ
BRAZ: ...Srª Presidente, eu vim aqui apenas para narrar essa
experiência. A Verª Sofia Cavedon, que é Presidente desta Casa e professora
também, conhece a experiência lá do Morro. Quando ela era Secretária de
Educação do nosso Município, eu levei até ela o meu entusiasmo com relação
àquela experiência que acontecia no Morro da Cruz. Acredito que esta seria uma
boa experiência e que poderia, quem sabe, apontar um novo rumo para a nossa
juventude. Muito obrigado. Parabéns a vocês!
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver.
Braz.
Para as nossas
visitas entenderem, principalmente para quem vem pela primeira vez, nós temos
uma regra no Regimento estabelecendo que o tempo para manifestações é de cinco
minutos. Quando nosso relógio chega aos cinco minutos, o som é cortado, para
dar um tratamento igualitário aos Srs. Vereadores. Às vezes, falta um pedacinho
da frase, e a gente tem que estar atenta para segurar o tempo.
Eu vou fazer agora
uma fala de fechamento. Nós combinamos que iríamos até, mais ou menos, às 16
horas, porque, na sequência, há um importantíssimo debate que acontecerá no
nosso Plenarinho, se os Vereadores puderem dar uma chegadinha... Vai haver, no
início, uma atividade cultural, inclusive apresentada pelos alunos. Na verdade,
não são alunos, são os estudantes, os educandos que compartilham o trabalho no
MDCA. Eu quero fazer algumas afirmações finais.
Primeiro, quero dizer
que nós ficamos muito orgulhosos da Petrobras. Vários Vereadores aqui disseram
isso, não é, Ver. DJ? Mas eu quero sublinhar um destino, um princípio: a aposta
no trabalho que já existe, na iniciativa das comunidades, das entidades
sociais, porque elas têm um enraizamento, elas têm todo um envolvimento, um
investimento, e o que muitas vezes falta é apoio para ampliação. E, mais do que
isso, elas têm a tecnologia social – não é um bom termo, não sei se há outro,
mas elas sabem o que funciona e o que não funciona. Inventar
projetos sem considerar esse saber, essa prática, essa experiência é um
equívoco. Muitas vezes se bota dinheiro fora, porque se pensa em apresentar uma
“laranja de amostra”, uma novidade, uma coisa diferente, e, na verdade, a gente
tem um trabalho acontecendo que, às vezes, é interrompido, porque não tem a
potência que poderia ter, porque se opta por outras coisas que são, talvez,
mais rentáveis, mais bonitas de apresentar, mas que não têm efetividade.
Então, essa clareza da Petrobras é muito importante.
Encontrar parceiros, Cristina, como nós temos no trabalho do MDCA é uma
preciosidade para quem quer investir, para quem quer dar um retorno a
sociedade, como tu disseste. Um bem natural que é explorado, como é o petróleo
e, agora, o Pré-Sal, tem que retornar à população não só em mais poluição ao
meio ambiente, com os carros andando por aí; tem que retornar em qualidade de
vida, tem que retornar em humanização, e o melhor caminho é esse.
Os Vereadores também disseram que nós temos - e o
Joel precisa para mim - 526 entidades em Porto Alegre que atuam com crianças e
adolescentes, inscritas no Fórum, envolvidas no Conselho Municipal da Criança e
do Adolescente, na assistência social. Quinhentas e vinte e seis! Porto Alegre
é privilegiadíssima, porque essas entidades tiram tempo para trabalhar juntas,
para se organizar, para pautar as políticas públicas, para controlar as
finanças, para propor mudanças nas políticas. Elas interferem decisivamente na
vida das crianças, não trabalham fragmentadas e nucleadas, porque pensam a
Cidade. A fala do Joel expressou isso, a fala da Haidê, o debate que vai ter na
sequência... E aí é muito importante que o SUAS, o Sistema Único de Assistência
Social, que a Prefeitura está implantando, faça o mesmo que a Petrobras está fazendo:
escute as entidades que fazem esse trabalho há muito tempo, elas sabem onde
fura, sabem qual é a necessidade. O exemplo que MDCA dá aqui, do envolvimento,
da aposta nas famílias, é uma lição a ser aprendida. Então, Verª Fernanda,
desmanchar políticas, os núcleos que as entidades têm, que atendem a 40
famílias, desmanchar e dizer “não, agora a política é uma assistente para 500
famílias” é um desastre! Nós temos que respeitar o quem tem, e não transformar
uma política geral que querem implantar no País, onde não existe nada. Nós
temos que respeitar o que existe, fortalecer e ampliar, não reduzir e voltar
atrás.
Quero incorporar essa demanda que foi trazida aqui
fortemente, dizendo como é importante quando uma entidade consegue atender
crianças, mas, ao mesmo tempo, envolver a família, envolver a escola. E aqui
não foi tudo contado, há educadoras, Haidê, que vão às escolas das crianças,
acompanham o desempenho escolar - talvez eu tenha perdido isso da tua fala,
porque aqui a gente faz várias coisas. É esse atendimento sistêmico de cercar
todos os aspectos daquela criança, daquele adolescente, senão fura, senão
botamos dinheiro fora, senão ela é atendida aqui, mas depois chega na
família...
Eu quero parabenizar a mãe, a Alessandra, pelo
depoimento, quando disse: “Agora eu aprendi, eu escuto mais os meus filhos”.
Porque não é fácil, nós não aprendemos a ser pai e mãe; nós precisamos
aprender; a sociedade não se organizou para essa aprendizagem, então, erramos
muito no papel de pai e mãe. Aprendemos muitas coisas, mas não a ser pai e mãe.
Então, essa atenção à família... Nós teremos aqui na Casa, inclusive, uma
votação a respeito do tema do Amor Exigente. Eu conheci uma fazenda de
recuperação de drogados que trabalha com a metodologia do Amor Exigente, centrada
na responsabilidade da família, na relação pai e filho, no papel que tem o pai,
que é diferente de filho, nas referências que se tem que construir. Isso é o
que a Petrobras está fortalecendo neste Projeto; portanto, fortalece e dá
perspectiva de sucesso ao atendimento que se faz lá na creche, que se faz no
trabalho educativo, que se faz na escola, que se faz no extraclasse, porque,
senão, com tudo fragmentado, a gente perde, perde muito desse investimento.
Então, eu quero, fazendo esse elo, alertar o Governo para que o SUAS, por
favor, não prescinda do debate dessas 526 entidades e do debate da construção
séria que existe nos Conselhos que atuam com a criança e o adolescente em Porto
Alegre. Nós temos que aprender com eles, evoluir nas políticas públicas com
eles.
Parabéns por este momento muito importante, em que
a Câmara recebe esta contribuição e esta aprendizagem. Franqueio a palavra a
Suzana e a Haidê, caso queiram dar um retorno aos Vereadores; sei que o debate
mesmo vai acontecer lá agora. Não precisa, Suzana? (Pausa.) Então, os
Vereadores não se sintam não respondidos, tenho certeza de que todos foram
muito escutados e fizeram grandes contribuições. Eu agradeço. Peço uma salva de
palmas a todos os que compõem esse lindo Projeto. (Palmas.) Suspendo a Sessão
para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h10min.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon – às 16h14min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao Grande Expediente.
O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
meus senhores, minhas senhoras, o dia 1º de setembro é um dia marcante na minha
vida. Eu gostaria de dizer que no dia 1º de setembro de 1956 a minha vida
mudou. Eu havia chegado a Porto Alegre alguns anos antes para estudar
Engenharia, a fim de voltar a Caxias, para lá construir com os meus parentes,
que, naquele tempo, tinham um império. Mas, no dia 1º de setembro de 1956, eu
era funcionário da Divisão de Transportes Coletivos da Prefeitura e fui chamado
pelo então primeiro Secretário da recém-criada Secretaria Municipal de
Transportes, Dr. Pedro Gonzáles, que me convidou para ser Diretor de
Planejamento e Fiscalização dos Transportes da nova Secretaria. Eu fiquei embasbacado e disse: “Mas ainda não sou engenheiro, vou terminar o
curso no final do ano”. Responderam-me: “Mas, se gostas de trabalhar, não tem
problema”. Então, aceitei e não imaginava que ficaria encantado com o mundo dos
transportes coletivos desta Cidade, que me prendeu aqui. Continuei na
Prefeitura e, 15 anos depois, chegava a esta Casa, a Casa do Povo de Porto
Alegre, como Vereador. Tudo isso não estava na minha projeção inicial, mas
aconteceu. Ao longo desse tempo, vi algumas coisas boas acontecerem nesta
Câmara Municipal.
Ontem, o Congresso
Nacional, em voto secreto, absolveu uma Deputada que foi flagrada, antes de ser
Deputada, recebendo propina no Governo do Distrito Federal. Ela aparece nos
jornais de hoje sorrindo pela vitória alcançada, mas o voto era secreto. Eu
ajudei a fazer com que não tivéssemos mais voto secreto na Casa do Povo de
Porto Alegre - nós não temos mais há quase 20 anos. Ajudei também a terminar
com uma coisa nesta Casa: uma verba que os Vereadores tinham para distribuir às
entidades; verba muito diminuta, sem maior expressão, mas era uma verba, era
distribuída a entidades para ajudar alguns alunos no pagamento de suas taxas
escolares. Enfim, era uma coisa não muito correta, no meu entendimento, mas
existia. Nós vivíamos um momento de inflação, os Vereadores faziam as
destinações daqueles recursos, daquelas verbas no início do ano, até abril, e a
Prefeitura pagava em outubro, novembro. Nós tínhamos inflação, que chegava a
1.500%, então, não tinha mais sentido: as pessoas, as entidades recebiam a
destinação daqueles recursos no início do ano, quando dava para pagar uma
mensalidade para um aluno, mas, quando elas recebiam realmente, não dava para
pagar nem a metade. Foi muito oportuno que não tivéssemos mais aquela verba,
que criava mais problema do que satisfação. Uma das coisas que o Congresso
Nacional distribui à mão cheia são as verbas dos Deputados, que fazem com que a
corrupção campeie por aí afora. Aqui nós não temos mais, graças a Deus!
Então, tive a
satisfação de ter participado dessas ações. E agora,
daqui a um ano e quatro meses, estarei deixando a Casa. Mas deixo com a
satisfação do dever cumprido, sem nenhuma preocupação. Tenho a convicção de que
dei o melhor de mim e vou continuar, nesses quatro meses, dando o melhor de mim
para que a Casa consiga soluções e não problemas. Eu acho que isto é o desejo
de todos os Vereadores: encontrar soluções para muitos dos problemas que esta
Cidade enfrenta e que, na maioria das vezes, depende de decisões nossas na
proposta orçamentária, na liberação de recursos, na permissão para
financiamento. E nós estamos atentos aos problemas da Cidade, porque eu quero
que Porto Alegre cresça e que nós tenhamos a Casa do Povo de Porto Alegre
ajudando esse crescimento. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
estamos iniciando, Ver. João Antonio Dib, a Semana da Pátria. Hoje pela manhã,
participamos de ato solene, a céu aberto, junto ao Monumento do Expedicionário,
com representantes dos mais diferentes segmentos: Forças Armadas, povo,
instituições privadas, escolas. E me vem à mente a conceituação de Rui Barbosa
sobre a pátria. Mas, afinal, o que é pátria? Ninguém ainda produziu melhor
conceito de pátria do que Rui Barbosa: Pátria somos todos nós, pátria é o céu,
pátria é a terra, pátria são as nossas riquezas, é a nação, é o chão onde
nascemos e o túmulo dos nossos antepassados. Então, Rui Barbosa refletia nessa
simbologia, nesse símbolo maior de Pátria, exatamente todo esse conjunto de
valores que se inicia nesta semana, e aí prosseguirão atos que são importantes,
porque eles fazem com que reflitamos sobre o papel de todos nós na busca de
melhores dias, na busca da felicidade, na busca do bem-estar.
E esta Casa, Ver.
Toni Proença, tem um papel importante, e é preciso que a defendamos naquilo que
ela tem de importante, porque ela representa a cidade de Porto Alegre. E os
seus Vereadores e Vereadoras, todos aqui chegam pela vontade popular, pela
vontade do povo; não é uma Casa imposta, é uma Casa democrática. Portanto, nada
mais adequado do que refletirmos sobre o nosso papel, que, muitas vezes, pode
até ser mal compreendido, mas esta Casa é um sustentáculo da democracia. Os
Parlamentos, cujos integrantes neles permanecem por um determinado tempo, são
alicerces da democracia.
E os ataques que se
possam fazer à instituição, não aos seus integrantes, são nefastos. Pode-se
atacar a figura de A, B ou C, mas a instituição constituída por representantes
da vontade popular tem um papel relevante. Então, é preciso que incluamos a
Casa exatamente na conceituação de Rui, como um elemento da própria Pátria.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli Sell está com a
palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Engenheiro
Comassetto.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB (Requerimento): O nobre Ver. Adeli Sell já se encontra na tribuna,
e o que eu queria requerer é que nós entrássemos imediatamente no período da
Pauta Especial, que trata da Lei de Diretrizes Orçamentárias, porque temos um
prazo definido, e o Ver. Adeli Sell poderia ser o primeiro a discutir a Pauta
Especial, se houver a concordância dos demais Pares. Isso seria muito bom,
porque é muito importante para o Orçamento do próximo ano.
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): Em votação Requerimento de autoria do Ver. João
Antonio Dib. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à
PAUTA ESPECIAL – DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/10 minutos/com aparte)
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 3043/11 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/11, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 2012.
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir
a Pauta Especial.
O SR. ADELI
SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, sem dúvida
nenhuma, precisamos fazer esse debate. Agradeço aos Vereadores Elói e
Comassetto por me alcançarem a cópia da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Ontem, eu tive o prazer, Ver. Dib, de usar o tempo para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que eu acredito que é uma lei fundamental para que possamos, a partir dela, construir o Orçamento da cidade de Porto Alegre. É fundamental que retomemos alguns pontos que coloquei no dia de ontem, explicando, inclusive, para a população o porquê de algumas priorizações, Ver. Comassetto, que o Governo Municipal fez. E o Ver. Comassetto é um militante ardoroso da causa da habitação, deve estar muito feliz, porque o Governo Municipal colocou o tema da habitação como a prioridade das prioridades para o próximo período. Eu creio que deveria ter, inclusive, na Exposição de Motivos, uma explicação do porquê dessa prioridade e por que isso foi possível.
Graças ao Programa Minha Casa, Minha Vida, do
Governo Federal, nós conseguimos colocar - quando falo nós, eu estou falando da
municipalidade, o Prefeito nos representa - como prioridade a questão
habitacional em Porto Alegre. Acho que falta em Porto Alegre, Ver. Haroldo,
muitas vezes, um empenho maior dos órgãos gestores. Nós precisamos de um
empenho maior, Ver. Elói Guimarães, nos projetos que devem sair da SPM, da
SMOV, do DEMHAB e dos órgãos que dizem respeito à formatação dos projetos
habitacionais, em que entra o DMAE também, o DEP e a própria SMAM com suas
praças. Eu acho que está faltando a criação de uma sinergia maior entre as
Secretarias. Hoje, as Secretarias são tremendamente estanques - tremendamente
estanques -, e nós temos que superar esse processo através de um planejamento
estratégico da cidade de Porto Alegre, coisa que talvez nós possamos fazer
agora.
Como já disse, hoje pela manhã, ainda, foi o que
fiz numa conversa que tive com o Prefeito, no V Congresso da Cidade. O que me
preocupa é que houve muito pouca participação nos debates, na minha opinião, no
V Congresso. Nós também temos uma certa responsabilidade. Confesso, Ver. Elói,
que eu participei muito pouco, porque, infelizmente, as atividades que estavam
marcadas coincidiam, muitas vezes, com Audiências Públicas que eram realizadas
aqui na Câmara. Portanto, faltou uma conversa do Executivo com o Legislativo,
também faltou uma conversa nossa, da Mesa Diretora, que pecou de fazer
excessivamente - excessivamente - Audiências Públicas, algumas completamente
esvaziadas, mas que nos impediam de estar na comunidade discutindo o V
Congresso.
Eu acho que quem muito quer fazer, muitas vezes,
não faz nada! Eu acho isso muito ruim, porque nós não precisamos mais de
pirotecnia. Eu, até pelo contrário, acho que foguetório é um negócio atrasado,
não resolve o problema de ninguém. O que resolve o problema das pessoas é
objetividade. O ex-Vereador Valdir Fraga, que está aqui no plenário nos ouvindo,
sabe muito bem, ele já foi Vereador e Presidente desta Casa. Nós precisamos é
de mais objetividade, mais objetividade! Eu vou dizer hoje, aqui, exatamente
por que perdi muitas dessas boas possibilidades, Haroldo, de estar na
comunidade discutindo o V Congresso: pelo excesso, Ver. Luiz Braz, de
Audiências Públicas esvaziadíssimas. Como sou Vereador, tenho que estar na
Audiência Pública, porque é chamada pela Câmara, e eu sou da Mesa Diretora.
Perdi muito tempo nesse primeiro semestre; não vou mais perder tempo com
baboseira, porque eu acho que nós temos que discutir e estar mais próximos das
comunidades. Estou fazendo aqui um processo de autocrítica da nossa gestão aqui
na Câmara, porque eu sou membro da Mesa também.
A questão da habitação
está colocada como a prioridade do Governo Municipal. E só é possível e só será
possível se apressarmos os projetos do Programa Minha Casa, Minha Vida. Não tem
cabimento que a Capital dos gaúchos tenha menos projetos aprovados na Caixa
Econômica Federal do que a cidade de São Leopoldo, que nos ganha, que nos dá de
dez a zero. Isso tem que mudar. A segunda prioridade, Ver. Toni Proença, é a
educação. Há pouco eu me manifestei nesta tribuna acerca da questão da educação
infantil. Eu vou priorizar, Ver. Luciano Marcântonio, a questão de verbas para
as creches comunitárias - escolas infantis. Não podemos continuar, como eu
disse anteriormente, olhando para aquelas escolas maravilhosas que a Professora
Esther Grossi fez - não foi mais possível continuar naquela linha por falta de
recursos -, mas também eu não posso concordar, de jeito nenhum, com a
precariedade brutal de algumas creches. E
creches, escolas, escolas infantis têm que ter brinquedoteca; escolas infantis
têm que ter biblioteca infantil, não com livros do século passado – também do
século passado –, mas livros atualizados e não o resto daquilo que a gente não
quer na nossa casa e que se doa para a creche comunitária ou para a biblioteca
comunitária. A leitura é fundamental.
O que me preocupa, e
eu tinha em mente, é que a educação, por mais importante que seja, em Porto
Alegre não acabaria ficando na frente da saúde. E aí vamos dialogar: qual é a
mais importante? As duas são importantes. Agora, a saúde em Porto Alegre está
numa precarização impressionante, algo tem que ser feito. Eu acho que nós
precisamos fazer uma pactuação, e quem sabe uma repactuação entre a
municipalidade e o servidor público municipal, com a intermediação consciente,
tranquila, serena, aberta, democrática e participativa do Executivo, com a participação
da Câmara Municipal, como nós fizemos ontem, entregando um documento ao Sr.
Prefeito Municipal, porque nós temos que ter atendimento.
Nós ouvimos aqui os
servidores da Saúde: está mal, há problema no Hospital de Pronto Socorro, o
teto está caindo; vamos ao Postão, há problemas, tem balbúrdia, não tem
estrutura. Quando chegamos ao Postão, falamos com um morador da Vila Tronco, e
ele nos disse: “Não tem atendimento médico, hoje eu não consegui passar na
triagem porque tem paralisação de uma parte dos servidores, e o médico saiu
antes”. Gente, alguma coisa está doente na estrutura da saúde pública de Porto Alegre!
Não apenas o cidadão está adoentado e não consegue atendimento, é que a
estrutura funcional está com problema. Enquanto nós tivermos um funcionário
descontente, nós não vamos ter bom atendimento; pelo contrário, vamos ter
péssimo atendimento, e o cidadão que está do outro lado do balcão vai enfrentar
problemas também. Ou seja, nós queremos mudar, nós precisamos mudar. Eu disse e
repito aqui, Ver. Comassetto: nós dois, que estamos aqui agora - que somos
membros do Partido dos Trabalhadores, que somos da oposição, não de qualquer
oposição, Ver. Marcantônio, nós somos de uma oposição propositiva, arrojada -,
queremos propor mudanças, nós queremos ajudar, porque aquilo que nos move não é
o interesse pessoal, é o amor pela cidade de Porto Alegre.
Hoje, uma pessoa que estava aqui no Plenário, da
área da Saúde, me disse: “Vereador, o senhor está com bochas. Vereador o senhor
está com ar cansado”. Sim, eu passei algumas boas horas que deveriam ser de
sono respondendo e-mails sobre
mentiras que foram espalhadas pela Cidade afora, sobre o nosso comportamento,
que não foi o meu comportamento, que não foi o seu comportamento, meus colegas
Vereadores, mas venderam para a mídia algumas coisas que não aconteceram nesta
Casa. Por exemplo, nós não votamos nada aqui, este ano, sobre salários, isso
vem da Legislatura passada. Não estou me desculpando, mas exatamente por causa
disso deixamos esta semana de trabalhar mais e melhor pela cidade de Porto
Alegre; por isso nós tivemos que trabalhar de madrugada; por isso nós vamos
trabalhar mais aos finais de semana.
Eu quero, finalmente, dizer que a verdade há de
prevalecer. É como disse um poeta inglês: nós temos que entender que a verdade,
filosoficamente falando, é bela, e a beleza ninguém rejeita, por isso eu não
rejeito a verdade. Ela, às vezes, dói, mas a dor ensina a gemer, e nisso nós
nos formamos, e nisso nós melhoramos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): Eu quero informar que, como o Ver. Adeli Sell já se
encontrava na tribuna quando aprovamos o Requerimento do Ver. João Antonio Dib
de inversão da ordem dos trabalhos, eu não fiz esta afirmação no microfone.
Faço agora, para que fique registrado.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Ver. Toni Proença, a Pauta Especial é uma Pauta importante, porque
importante é o seu objeto. E qual é o objeto da Pauta Especial senão a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, a LDO, que é um diploma que estabelece grandes linhas
para quatro anos, para recepcionar o Orçamento, que tem eficácia anual? As
prioridades aqui apontadas e os programas trazidos são repetitivos, eles se
reiteram, eles vêm sendo reiterados dada a natureza, exemplificativamente, da
habitação. O modelo federativo, hoje, no País, transformou a União numa grande
esponja que recolhe - não diria suga, absolutamente não - os recursos
disseminados nos Estados e Municípios, entesoura-os nas suas burras, ou seja,
no seu tesouro, no tesouro da União, e depois, a conta-gotas, distribui para os
diferentes entes municipais, para os diferentes Municípios do País. Isso aí,
Ver. Luiz Braz, faz com que se acionem, veja V. Exª, os Municípios, os gestores
municipais, para a luta, para as reivindicações, porque, embora a Constituição
Federal estabeleça os percentuais de devolução, a ação municipal, a atuação
municipal, é fundamental para a vinda de recursos.
Na questão da habitação, os grandes recursos, a
massa de recursos está nas mãos do Governo Federal. E falar de habitação é
falar de dignidade humana; é falar de Pátria, como antes falavam: habitação é
Pátria. É preciso que nós saneemos o País, os Estados, os Municípios,
devolvendo à população aquilo que ela efetivamente despende através dos
impostos, devolvendo habitações dignas. A habitação oferece o domicílio, a
pessoa passa a ter dignidade, ou seja, ela mora ali no número tal, na rua tal;
é algo que integra o seu verdadeiro currículo.
Aqui também se falou em saúde. Eu já disse nesta
Casa, sei que não agrado a muitos, mas eu volto a insistir no que dizia outro
dia: a saúde tem problema de gerência? Tem, é verdade. Tem problema de
corrupção? Tem, não deveria ter, mas tem. Agora, o grave problema, Ver. João
Antonio Dib, é a falta de recursos. É preciso que se institua uma verba
carimbada, recursos carimbados – tornar sagrados os recursos a serem aplicados
diretamente na Saúde. É incrível acompanharmos, e todos acompanhamos, pessoas
nas filas, pessoas precisando fazer exames, Ver. João Antonio Dib, são
diagnósticos de situações graves, e a consulta ou o exame é marcado para daqui
um mês, dois, três meses e por aí vai - mesmo em questões graves! Pessoas
sangrando, vejam V. Exas, precisando fazer um exame, e ele é marcado
para daqui a quinze, vinte dias, um mês, dois meses! Não é possível, a
dignidade humana não consente que se admita possível o que está acontecendo!
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, uma
pessoa que tem que esperar durante 15, 20 dias é uma pessoa de sorte, é feliz.
Na verdade, o Município de Porto Alegre vai além das determinações
constitucionais, que é de 15% da receita; o Município, não agora, há bastante
tempo, vem gastando 18%, 20%, já chegou a gastar 22% da sua receita. Agora, o
Governo Federal... O Presidente Lula impediu a regulamentação da Emenda
Constitucional n° 29, e agora, lamentavelmente, a Presidente Dilma está
repetindo o Presidente Lula. O dinheiro tinha que vir da União, que arrecada
tudo neste País, mas não vem. Vai ser difícil.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sou grato a Vossa Excelência. Eu dizia, no início, Ver. João Antonio
Dib, que a União se transformou numa esponja, sugando os recursos retirados de
Municípios e Estados. Sobre a questão da Saúde, eu volto a falar, Ver. Luiz
Braz, da necessidade de se criar a conhecida CPMF. Sei que muita gente é
contra, mas, basicamente, a questão da Saúde... Há outros problemas, como
gestão, corrupção, desvio, nós precisamos investir recursos na Saúde, porque a
doença não espera. Ficarmos absolutamente inertes, inermes diante dos quadros
humanos a que estamos assistindo é muito grave, é gravíssimo; pessoas que
precisam ser atendidas imediatamente entram em fila de espera que vai... Eu
falava em 20 dias, e o Ver. João Dib disse que quem espera 20 dias é uma pessoa
de muita sorte. Eu estou falando daqueles que estão sangrando, que vão já com o
diagnóstico, mas que não conseguem fazer os exames para detectar o que é,
enfim...
Fica aqui a nossa manifestação. Vamos votar,
depois, uma das leis mais importantes, o Orçamento, que mais não é senão o
esforço do povo no sentido de entregar recursos para que os gestores, os
administradores, devolvam aquilo que é devido ao povo em serviços, em
assistência, em habitação, em saúde, etc. e tal. Então, estamos discutindo a
Lei de Diretrizes Orçamentárias, documento importante que balizará o Orçamento,
que é exatamente um diploma concreto, objetivo, já que a LDO estabelece rumos,
parâmetros, dentro dos quais se deverá fazer o Orçamento para as obras e os
serviços à nossa população. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
para discutir a Pauta Especial.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, repito o que disse ontem desta
tribuna: considero este um dos temas mais importantes do Legislativo Municipal,
e estamos hoje na presença dos meus colegas Vereadores Adeli Sell, Elói
Guimarães, Haroldo de Souza, Dr. Raul, Professor Garcia, João Antonio Dib e
Luiz Braz para debatê-lo. Trata-se, Ver. Toni Proença, da análise do Orçamento
do Município de Porto Alegre para o período de 2012. A Lei de Diretrizes Orçamentárias
é que orienta as aplicações que estão previstas, nada mais nada menos do que R$
4.474.476,00. Portanto, é uma responsabilidade bastante significativa. Apesar
disso, a Câmara de Vereadores tem sofrido um embate e um debate muito forte nos
últimos dias.
Vou
me permitir aqui ler para todos uma mensagem do Facebook de uma menina,
a Graziela, que diz o seguinte: “Meu pai me disse que a Câmara de Deputados, o
Senado, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores são um antro
de ladrões. Vejam o que fizeram com a pobrezinha da Jaqueline Roriz lá em
Brasília, e aqui a Assembleia Legislativa e a Câmara de Vereadores de Porto
Alegre se deram aumento. Covil de ladrões!” Eu respondi para essa menina:
“Prezada Graziela, sempre quando generalizamos as opiniões, podemos estar
cometendo injustiças. Certamente, ladrão não sou. Gostaria de ter a
oportunidade de te mostrar o trabalho que realizamos. Abraço, Comassetto”. Eu
pediria a todos que estão nos chamando injustamente de ladrões que possam
assistir a este debate e contribuir para as decisões que vamos tomar sobre
aplicações de recursos, tais como esses R$
4.474.476,00 que serão aplicados como recursos públicos de Porto Alegre. Para fazer
isso, certamente eu e os meus colegas que aqui estão não estamos cobrando
nenhuma propina, não estamos exigindo que os nossos nomes ou as nossas opiniões
sejam divulgados individualmente. Costumo dizer que o conjunto de Vereadores
trabalha, e trabalha bastante, cada um dentro das suas atribuições. Eu,
particularmente, acordo todos os dias às 6 horas da manhã e não durmo antes da
meia-noite, para poder cumprir minhas agendas, e os colegas Vereadores eu
encontro pelos cantos da Cidade.
Quero produzir uma emenda para a Lei de Diretrizes
Orçamentárias que tem que ser construída politicamente, já que o resultado das
consultas populares do Orçamento Participativo e da Governança, na definição
das prioridades de que trata o caput,
aponta a habitação em primeiro lugar. Quero tratar hoje do tema da habitação,
porque ontem travamos um debate sobre um projeto do Executivo Municipal que
propunha vender um conjunto de áreas no Município, e nós provocamos o debate
dizendo que, se a prioridade número um é a habitação, se nós temos, neste
momento, uma política de desenvolvimento urbano do Governo Federal que conta
com a relação dos Estados e dos Municípios, nós temos que construir essa
política do Município à União e da União ao Município, e uma das tarefas dos
Municípios é disponibilizar áreas para que o Projeto Minha Casa, Minha Vida
seja implementado.
Se, por um lado, habitação é a prioridade, Porto
Alegre é uma das cidades que não têm conseguido deslanchar o projeto
habitacional, Ver. Elói Guimarães, e uma das dificuldades é a falta de terra,
de áreas, porque o Município tem que oferecer a área, e a Caixa Econômica
Federal entra com os recursos para pagar o projeto, pagar a infraestrutura e
pagar a residência. O DEMHAB seleciona as famílias que ganham de zero a três
salários mínimos - estou-me referindo, sim, à questão social - e de três a dez,
famílias que também têm recurso subsidiado. Com relação a isso, a iniciativa
privada encontra os terrenos e paga. Depois, dentro da estruturação do
Orçamento, Ver. Adeli Sell, há todos os outros itens, sendo que um deles é a
Cidade Inovadora e a Cidade Integrada.
Quero confabular com os colegas, porque estou
redigindo, e, se houver concordância, que possamos construir mais uma diretriz
coletivamente aqui. Se a habitação é prioridade, se o Município tem áreas que
são suas, se o Município tem o Fundo de Desenvolvimento Municipal – e, todas as
vezes que vem de Solo Criado, cai um recurso no Fundo direcionado à compra de
habitação de interesse social e ao planejamento –, por que não podemos criar,
no Município de Porto Alegre, o Banco de Terras do Município de Porto Alegre
para projetos habitacionais de interesse social? Esse é o debate que quero
trazer hoje aqui. Trago o debate, mas não tenho a pretensão, Ver. João Antonio
Dib, colegas Vereadores e Ver. Luiz Braz... Se houver concordância, poderemos
oferecer ao Sr. Prefeito Municipal uma diretriz, para que a prioridade número
um, que é a habitação, ganhe força em Porto Alegre, para darmos dinâmica a essa
política em relação às mais ou menos 60 mil famílias que recebem de zero a três
salários mínimos e que ainda não têm habitação. Um Banco de Terras associado
inclusive ao Governo do Estado, que recentemente lançou o Banco de Terras do
Governo do Estado e que tem muitas terras. Há poucos minutos, o Ver.
Marcantônio me pedia que construíssemos uma agenda com a Secretária Stela
Farias, porque a comunidade Costa e Silva está com sua associação construída em
cima de uma área do Estado e, por isso, não consegue regularizar a área. Então,
temos que dialogar com o Governo do Estado, que acabou de constituir o Banco de
Terras Públicas do RS. O Banco de Terras do Município e do Estado, Ver.
Tessaro, em Porto Alegre, pode ser direcionado para políticas da habitação de
interesse social.
Eu quero aqui trazer esse tema porque é muito
importante. A habitação, sob o nosso ponto de vista, é uma questão de
identidade, de afirmação de cidadania. Se as pessoas não têm casa como um bem
da sua vida, elas não têm endereço; se não têm endereço, as pessoas não existem
na Cidade, mas as pessoas não são invisíveis, não vivem no ar; elas têm que ter
um local no território para terem a sua identidade, para terem o seu endereço,
para terem a sua moradia. Esse Programa vem oferecer essa possibilidade. A
minha sugestão é propor que uma das diretrizes para viabilizar a proposta sobre
habitação, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, seja a constituição de um Banco
de Terras do Município de Porto Alegre para atender a projetos de interesse
social, principalmente para quem ganha de zero a três salários mínimos, e que
não venha mais projeto para esta Casa para vender. Se tiver que vender, porque
a área é imprópria para esse tipo de habitação, que esse recurso caia no Fundo
para constituir e comprar terras para o Banco de Terras, e que o recurso que
está lá, destinado na legislação do Plano Diretor sobre o Solo Criado, também
caia para esse Fundo, para criar o Banco de Terras do Município de Porto
Alegre, associado à política, neste momento, do Governo Federal do Programa
Minha Casa, Minha Vida. Muito obrigado. Um grande abraço.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir a Pauta Especial. (Pausa.) Desiste.
O Ver. Professor Garcia está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Ver. Toni
Proença; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
público que nos assiste, primeiro, quero dizer que, após dois anos afastado da
discussão do Orçamento de Porto Alegre, em função de estar nos anos de 2009 e
2010 como Secretário, fico bastante feliz em poder discutir este Orçamento, num
montante de R$ 4.781.601.000,00, previsto para Porto Alegre para o ano de 2012.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias é que vai dar o norte para, dentro de alguns
meses, entrarmos na discussão da LOA, que é a Lei de Orçamento Anual.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Professor Garcia, V. Exª já foi
Presidente da Comissão de Finanças, mas eu tenho a impressão de que este ano
nós esquecemos de comunicar à coletividade porto-alegrense que 300 eleitores
podem apresentar uma Emenda à LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Ou,
então, três entidades, reconhecidas pelo Poder Público, podem também apresentar
uma Emenda Popular.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Eu acho oportuna a
sua lembrança, Vereador, mas, também, eu vou fazer um apelo, para que não
ocorra aquilo que já ocorreu muitas vezes nesta Casa: as entidades, de forma
coletiva, iam fazendo emendas, uma apoiada na outra. Que cada um faça a sua,
que não façam em conjunto, porque muitas vezes ocorreu isso e prejudicava. Na
realidade, acabavam quase que todas sendo eliminadas pelo Poder Público.
Já foi discorrido
aqui sobre a questão da prioridade. As prioridades foram escolhidas através do
Orçamento Participativo: habitação, educação, saúde, assistência social,
pavimentação, saneamento básico. Eu quero dizer que, neste ano, tendo a
oportunidade de presidir a Comissão de Educação, depois de o Ver. Haroldo abrir
mão para que este Vereador ocupasse, tem sido uma constante, principalmente
quando a gente fala em educação, a educação básica. Hoje, na mudança da Lei de
Diretrizes e Bases, a inclusão de zero a seis anos é uma responsabilidade do Município. E
qual é a preocupação que nós temos com isso? Hoje Porto Alegre tem um déficit
de aproximadamente 30 mil vagas nas nossas creches. E eu quero também aqui
fazer um registro oportuno: o Prefeito Fogaça, na sua gestão e planejamento,
construiu 32 novas creches, ou seja, nos seis anos em que esteve à frente do
Governo Municipal, construiu mais creches do que todos os outros Prefeitos nos
últimos 20 anos. Mas ainda temos esse déficit, e olha que a população ainda
quer discutir mais. A população, hoje, além de constatar a deficiência de novas
creches, também apresenta uma nova discussão, que é creche em turno noturno,
porque hoje é uma realidade, as cidades mudaram, há serviço em todos os turnos.
Então, devemos começar a pensar em colocarmos creches em horários alternativos.
Como eu estou falando um pouco em Educação, vou
aproveitar para saudar os meus colegas hoje, pois 1º de setembro é o Dia do
Profissional de Educação Física. Eu fico muito gratificado em ter me formado em
Educação Física, em fazer parte, em ser o representante do Rio Grande do Sul no
Conselho Federal de Educação Física. Esse Conselho tem, ao longo dos últimos
treze anos, depois de a Educação Física ter sido reconhecida, regulamentada,
quase 300 mil registrados, e o Conselho Federal de Educação Física é o quinto
maior Conselho do nosso Brasil. Para também ilustrar: hoje, no Brasil, temos mais
de 850 Faculdades de Educação Física e, neste momento, 150 mil acadêmicos de
Educação Física em todo o Brasil. Então, eu queria fazer esse registro e, ao
mesmo tempo, parabenizar e cumprimentar cada um dos meus colegas profissionais
de Educação Física pelo trabalho que fazem diariamente em termos de recreação,
em termos de saúde e, principalmente, em termos de qualidade de vida.
Tive o cuidado também de analisar os diversos
setores do Governo onde vão fazer alterações e proposições e fiquei preocupado,
Ver. João Dib. Vou lhe confessar que nós estamos recém começando a discutir,
mas fiquei preocupado com o capítulo V, Ver. Dib, que fala das disposições
relativas a despesas com pessoal e encargos sociais. Não sei se o Ver. Luiz
Braz teve oportunidade de verificar, mas aqui o Governo coloca algumas
preocupações pertinentes e outras que me deixam preocupado. Por exemplo (Lê.):
“Alteração do plano de carreira” – eu acho que está mais do que justo, temos de
fazer – “modificação de estruturas funcionais”. E ao mesmo tempo coloca (Lê.):
“Criação de novos cargos”. Eu gostaria que não fosse de uma maneira geral,
embora sejam aqui diretrizes... Quando coloca, e nós vamos votar, criação de
novos cargos, eu gostaria que houvesse uma orientação, uma sinalização. Também
coloca (Lê.): “Criação de cargo de Secretários-Adjuntos para Secretarias que
ainda não possuem”. Também poderiam dizer quais as Secretarias e o impacto
financeiro que isso vai causar. (Lê.) “Contratações emergenciais para atender
necessidades temporárias de excepcional interesse público”. Essas contratações
emergenciais sempre houve, e basta o Prefeito dizer a esta Casa da necessidade,
e esta Casa, quando em caráter emergencial e julgando necessário e procedente,
sempre votou a favor. (Lê.) “Contratação de horas extras [...] e fica
considerado objetivo da Administração Pública Municipal o programa visando a
valorizar a imagem pública”, em relação a isso nós não temos nenhuma dúvida. A
minha preocupação é a criação de cargos de Secretários-Adjuntos, que é necessária.
Estive à frente da SMAM, e lá, por exemplo, não existe o Secretário-Adjunto. A
minha preocupação é de que isso está sendo votado para o último ano de uma
Legislatura. Então, nós temos que ter muito cuidado com essas alterações. E, ao
mesmo tempo, com a proposta de criação de novos cargos.
Quanto à questão habitacional, o Ver. Comassetto
até colocou... Quero dizer que hoje o Município tem condições de informar
rapidamente – nós podemos acessar isso de forma transparente – quais são as
áreas públicas que o Município tem à disposição. Inclusive, quando eu estava à
frente da Secretaria, nós fizemos um acordo com outras Secretarias, porque
existem situações em que o Município pode comprar áreas públicas para fazer
esses projetos, principalmente projetos sociais. Qual é a nossa preocupação?
Sugerimos ao Governo que, antes de comprar, passasse pela Secretaria Municipal
do Meio Ambiente, para que ela fosse fazer uma verificação e ver se
a área é própria para construção ou não, ou o quanto poderia ser construído.
Porque, senão, depois que comprar uma área e não poder construir, cria-se um
novo problema para o espaço público. E é o que nós temos hoje com a questão do
Condomínio Barcelona. Veja, Ver. Tessaro, foi comprada uma área pública, que
hoje ali era um lixão, e há um problema, porque vai ter que ser retirado aquele
lixo, e o custo é muito alto. Mas está lá! E o Governo vai ter que resolver
isso, até porque, no Orçamento Participativo, foi dito pelos dois Prefeitos,
tanto o José Fortunati quanto o José Fogaça, que aquela área seria destinada
para o Condomínio Barcelona. Então, em resumo: o Executivo tem que resolver
aquele problema! Vai ter um custo maior? Vai ter! Então, a nossa preocupação
foi na profilaxia.
Quero parar por aqui
hoje, porque nós vamos ter outros dias para discussão sobre a questão desta
Pauta Especial que trata da LDO. Mas eu volto a dizer, Ver. Dib: eu gostaria
que V. Exa, como Líder do Governo, nos esclarecesse mais algumas
situações. Quais são os novos cargos que o Governo está propondo? Criação de
novos cargos fica muito abrangente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. NELCIR TESSARO: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
público que nos assiste, eu venho a esta tribuna para falar sobre a LDO, a
nossa Proposta Orçamentária para o ano de 2012.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um
aparte?
O SR. NELCIR TESSARO: Imediatamente, eu já
cedo um aparte ao Ver. João Antonio Dib.
O Sr. João Antonio Dib: Eu vou aproveitar a
presença de V. Exª na tribuna, para responder ao Professor Garcia, que deixou a
tribuna neste instante. Os cargos a serem criados são eventualidades. Na medida
em que forem criados, irão para o custo anual, porque é obrigatório que o
Projeto de Lei traga isso. Então, existe a possibilidade, mas não é uma
realidade ainda.
O SR. NELCIR TESSARO: Obrigado, Ver. João
Antonio Dib.
Eu também quero falar
um pouco sobre o que eu pude observar da proposta do nosso Executivo para o ano
de 2012. Vejo que o programa habitacional proposto pelo Executivo é justamente
para a remoção das famílias que hoje estão na Av. Tronco, uma avenida essencial
para a Cidade, para as obras da Copa da Mundo. Quando se fala em Copa do Mundo,
se pensa só em futebol, mas nós sabemos que as obras da Copa do Mundo vão
permanecer para sempre em Porto Alegre. E ali nós
temos cerca de 1.700 famílias que precisam ser destinadas. Eu defendo que
fiquem nas suas regiões; inclusive, encaminhamos ao Executivo endereços de
terrenos que podem ser desapropriados com valores condizentes com aquele
proposto pela Caixa Econômica Federal, para a construção de habitações do
Programa Minha Casa, Minha Vida. A minha grande preocupação, Ver. João Antonio
Dib, é o crescimento da Cidade, é a proposta orçamentária de buscar áreas
livres para habitação social - e as áreas livres que temos na Cidade, nos
Bancos de Terras, ficam justamente na Região Sul da Cidade. A previsão, para os
próximos 5 anos, é de 40 mil pessoas residindo na Hípica até o Lami, na Zona
Sul de Porto Alegre. E eu não vejo aqui uma proposta concreta, e já deveríamos
iniciar no próximo ano a duplicação da Av. Edgar Pires de Castro. Nós estamos
colocando e colocando famílias para a Região Sul da Capital e não temos acesso
a ela. A avenida principal é a Av. Edgar Pires de Castro. Nós sabemos que a Av.
Oscar Pereira não tem condições de ser duplicada. É inviável! A Av. Costa Gama
poderá ser duplicada, mas há o problema do acesso para chegar nela. E como
chegarão essas famílias na Zona Sul? Hoje, para vir da Restinga ao Centro da
Cidade, demoramos cerca de uma hora e vinte minutos.
O Sr. DJ Cassiá: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Parabéns pelo tema que o senhor levanta, com
bastante propriedade e conhecimento. A sua preocupação é a mesma deste
Vereador, que mora na Av. Edgar Pires de Castro. Para sair da minha casa e
entrar na Av. Edgar Pires de Castro, eu fico, no mínimo, 10 minutos parado na
esquina, porque não tem como atravessar. O senhor levanta esse tema com a maior
propriedade: a questão da duplicação da Av. Edgar Pires de Castro. E o senhor,
com o conhecimento que tem sobre moradia, coloca que, nos próximos 5 anos, a
média será de 45 mil pessoas. Vejam bem, 45 mil pessoas. Não há preparação não
só em relação à duplicação e ao transporte, como também em relação à saúde e à
educação, Vereador. Isso tem que estar dentro do planejamento. Vão construindo,
construindo, e os problemas na questão da Saúde e da própria
Educação, pela falta de escolas, aumentam. Vereador, parabéns por levantar esse
tema.
O SR. NELCIR TESSARO: É verdade. Obrigado
pela contribuição, Ver. DJ Cassiá.
Nesse sentido, nesta
Câmara de Vereadores, foi aprovada uma lei de minha autoria, e o Município não
a aplicou, uma lei que está em vigor há cerca de quase um ano e meio. Criamos
uma lei, Ver. Toni Proença, e o senhor é muito conhecedor da matéria, dividindo
os inscritos – hoje são cerca de 50 mil no Departamento Municipal de Habitação
– em regiões do Orçamento Participativo. Cada inscrito tem de estar em um banco
de dados de sua região, das 17 regiões, e ali fazer uma avaliação dos terrenos
vazios regionalmente. O Município é uma grande imobiliária, o Executivo tem
quantidades enormes de imóveis impróprios para habitação em Porto Alegre. Essa
quantidade de imóveis impróprios para habitação que estão sendo cedidos,
emprestados, invadidos poderiam ser permutados por áreas para a habitação
social, mas habitação social aqui no Humaitá, habitação para reconstrução das
Ilhas, habitação lá para a Zona Norte da Capital, para a Zona Leste, e não
construir apenas na Zona Sul de Porto Alegre. Porque ali nós vamos ter
dificuldade, como disse, de escolas, de trabalho, além de fazer como está sendo
feito agora na escolha das famílias que estão indo para as mil residências lá
da Zona Sul: estão retirando famílias da Zona Norte que têm o seu emprego na
Zona Norte, elas vão passar duas horas para ir e voltar, viajando, para ir ao
seu trabalho, sem contar que as crianças vão sair do convívio dos seus amigos,
do posto de saúde que havia naquela vila, da sua escola, do convívio familiar.
Nós estamos modificando a convivência da família, estamos prejudicando aquelas
pessoas que precisam de habitação.
Por isso precisamos,
urgentemente, fazer com que este Projeto da LDO seja implantando, e a
prioridade é a habitação. Acho, sim, Ver. João Antonio Dib, a prioridade é a
habitação em Porto Alegre, porque temos 20 mil famílias em áreas de risco, o
Ver. Garcia sabe disso, mas temos 50 mil famílias que pagam aluguel, 50 mil
trabalhadores que pagam cerca de R$ 500,00 a R$ 600,00 de aluguel, eles
poderiam estar pagando a prestação da casa própria, cadastrados. Nem todos
estão cadastrados, foi impossível fazer o cadastramento, mas por isso é que
temos que fazer o cadastramento, dividir logo esse cadastramento. Nós temos a
PROCEMPA para fazer isso, por região da Cidade, para fazermos um crescimento
igualitário em toda a Cidade. Para não fazermos injustiça habitacional, temos
que parar de encaminhar para a Zona Sul da Cidade todas as famílias, com seus
imóveis, apartamentos de 37 até 50 metros quadrados.
Eu estou vendo um
lançamento grande agora na Estrada Costa Gama esquina com Av. Edgar Pires de
Castro, serão 1.500 unidades habitacionais. Lá na Av. Edgar, em frente ao
Ronaldinho, 1.400 unidades habitacionais; no terreno que é do Estado, que cedeu
para o Município, na Edgar Pires de Castro, nº 5.060, mais 1.600 unidades
habitacionais; no Barro Vermelho, ali no entorno, 1.200 unidades. Só nesses
cinco programas já são 6 mil, 7 mil unidades habitacionais. Será que o hospital
da Restinga vai ser suficiente? Vai nascer um hospital com problemas para o
atendimento, porque nós estamos querendo facilitar e construir onde estão os terrenos
vazios, sem olhar a Cidade como um todo. Se nós olharmos a Cidade como um todo
para resolver os problemas para a Copa do Mundo - como o congestionamento de
trânsito no Centro da Cidade, o congestionamento no Aeroporto Salgado Filho, a
retirada daquelas 2,7 mil famílias da Vila Dique e da Vila Nazaré para
ampliação da pista -, por que não fazemos uma organização da Cidade e
construímos e trabalhamos com desapropriações regionalizadas? O Município tem
que fazer a sua parte, tem que entrar com o terreno e buscar a parceria com a
Caixa Econômica Federal, para que ela faça a parte de edificação e a entrega
dos imóveis.
O Ver. Adeli falou
aqui que Porto Alegre é quem menos contrata. Eu quero clamar ao Executivo para
que facilite a tramitação dos projetos para habitação social. É inadmissível
que, em Porto Alegre, um projeto para habitação social demore cerca de um ano,
se nós temos a Caadhap, que foi criada justamente para resolver em, no máximo,
120 dias as aprovações de projetos. E isso não está acontecendo! São Paulo tem
lei: 60 dias para aprovação de projetos, e se cumpre. Aqui em Campo Bom, são 30
dias para aprovar. Por que Porto Alegre não pode fazer? Então, eu defendo a
agilidade e que Porto Alegre cresça como um todo, e não apenas para a Zona Sul,
dificultando cada vez mais o trânsito das pessoas, dificultando cada vez mais o
acesso das pessoas ao trabalho. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Está encerrada
a discussão da Pauta Especial.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 2248/11 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 010/11, de autoria da
Verª Sofia Cavedon e outros, que
altera o art. 79 da Lei Complementar nº 663, de 28 de dezembro de 2010,
dispondo sobre os empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida – Porto
Alegre destinados ao reassentamento de famílias removidas em função das obras
da Copa de 2014.
PROC.
Nº 3066/11 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 032/11, que institui a Gratificação de Incentivo
à Qualidade da Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e a Gratificação de
Incentivo à Qualidade da Atenção no SUS aos servidores municipários lotados e
em exercício na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Com Emenda nº 01.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 2798/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/11, de autoria do
Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua João Estevão da Silva o logradouro público cadastrado conhecido
como Rua Silva, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC.
Nº 2428/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 100/11, de autoria do
Ver. Ismael Heinen, que
denomina Rua Orestes Garcia Antonelli o logradouro público cadastrado conhecido
como Rua 6041, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC.
Nº 2429/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 101/11, de autoria do
Ver. Ismael Heinen, que
denomina Rua Luiz Carlos Soares de Paiva o logradouro público cadastrado
conhecido como Rua 6040, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC.
Nº 2761/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 120/11, de autoria do
Ver. Mauro Zacher, que
declara de utilidade pública a Fundação Israelita Brasileira de Arte e Cultura
Kadima – Fundação Kadima.
PROC.
Nº 3019/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 132/11, de autoria do
Ver. Paulinho Rubem Berta, que
denomina Rua Lorena do Canto Pereira o logradouro público cadastrado conhecido
como Rua T – Vila Nova Santa Rosa –, localizado no Bairro Rubem Berta.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente.
O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; está em Pauta um Projeto extremamente importante do Executivo
Municipal que institui a Gratificação de Incentivo à Qualidade da Gestão do
Sistema Único de Saúde, o SUS, que desdobra essa gratificação: no presente ano,
25% em agosto, 25% em dezembro; no ano que vem, 2012, 25% em junho e 25% em
dezembro, o que dobra o salário básico dos servidores. É a questão da Saúde. É
bom que se afirme – e todos temos afirmado – que não se faz Saúde sem médico,
não se faz Saúde sem enfermeiro, enfermeira, auxiliares, enfim. Então, é uma
iniciativa à qual temos que dar caráter de urgência e que aprovar a matéria,
até porque há setores que estão em paralisação - não sei se já encerraram -,
uma paralisação em áreas extremamente carentes e necessitadas, áreas de
atendimento de Saúde.
Nós temos aqui
discutido, eu reitero, tenho dito e colocado, que os problemas da Saúde,
basicamente, são uma questão de recurso. O SUS é um bom sistema, porque é um
sistema tripartite, do qual participam a União, o Estado e o Município. E quem
faz a execução de ponta, de vanguarda, de finalização é o Município. Então, nós
precisamos disponibilizar recursos, entregar recursos à Saúde, para que se
possam cumprir suas relevantes finalidades. Eu tenho insistido, porque não vejo
saída se não fizermos aportes significativos na Saúde.
Já contei aqui
algumas vezes, trouxe à colação a figura do grande Ministro da Saúde, o Dr.
Adib Jatene, que foi o criador da CPMF, foi aquele que inspirou, homem
profundamente conhecedor da Medicina, um dos maiores cardiologistas da América.
Então, é necessário que se carimbem - é isto que me parece faltar no Brasil,
independentemente de quem governa -, que se destinem recursos específicos, até
por uma questão de fiscalização. Na medida em que adotamos dotações
específicas, intocáveis, eu não tenho dúvidas de que, aos poucos, vamos
resolver este problema gravíssimo que é o problema da Saúde. E nós inertes e
inermes assistimos a pessoas à procura da possibilidade de fazer exames,
pessoas que carecem. Eu diria, inclusive, que todos nós acompanhamos pessoas
sangrando que precisam fazer imediatamente o exame e não conseguem. E aí vai se
marcando, vai se prolongando. Não é possível! Há uma verdade: a doença não
espera, o tratamento não espera, é preciso atacar com a urgência necessária,
para que se tenha uma população sadia, uma população que produza, que gere
tributos, enfim, uma população que faça a construção do Município, do Estado,
atacando este e aquele problema da nossa sociedade.
Portanto, fica aqui a
nossa manifestação, para que se aprove - e será aprovado certamente -, Ver.
João Dib, mas com a necessária urgência o Projeto encaminhado pelo Executivo a
respeito da gratificação à Saúde da Capital. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver.
Nelcir Tessaro está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste.
Como não há mais
inscritos em Pauta, e, por acordo, o período de Grande Expediente foi
transferido para a próxima segunda-feira, estão encerrados os trabalhos da
presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 17h25min.)
* * * * *